O governo de São Paulo conseguiu barrar na Justiça a veiculação de uma peça publicitária elaborada em conjunto por nove associações e sindicatos de policiais civis do Estado. A categoria está em campanha salarial desde o mês passado e planejava exibir na última semana, no intervalo do Jornal Nacional, da Rede Globo, um vídeo de 34 segundos sobre o tema. A liminar em favor da Procuradoria-Geral do Estado foi concedida pelo desembargador Ricardo Dip, do Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo.
Nas imagens, quatro atores vestidos como policiais civis batem à porta de um gabinete com a inscrição “governador”, – no caso José Serra – clamando por uma audiência. “Governador, queremos falar dos salários, os mais baixos do País” e “Governador, precisamos falar sobre a segurança da população”, dizem os atores, que não são atendidos.
No despacho, o magistrado acatou a tese do procurador-geral, Marcos Fábio de Oliveira Nusdeo, de que a peça “extrapola os limites do direito à informação e livre manifestação, objetivando causar pânico à população”.
A Associação dos Delegados da Polícia Civil de São Paulo (Adpesp) já recorreu da decisão. “É uma censura. Nem a ditadura militar fez isso”, protestou o delegado Sérgio Roque, presidente da Adpesp. “Não queremos apenas melhores salários. Nossa proposta é de uma completa reestruturação da Polícia Civil, mas o governador, mal assessorado, não quer nos ouvir.” A inserção no Jornal Nacional custaria R$ 150 mil às associações de classe.
Postado em: 19/08/2008 – 00h22min