segunda, 18 de novembro de 2024
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Gravidez: 20% das mães adolescentes não sabem como evitar filhos

Uma pesquisa encomendada pelo Ministério da Saúde revelou que aproximadamente 20% das jovens brasileiras que engravidam na adolescência afirmam não saber como evitar a gravidez. Segundo o levantamento, a mesma…

Uma pesquisa encomendada pelo Ministério da Saúde revelou que aproximadamente 20% das jovens brasileiras que engravidam na adolescência afirmam não saber como evitar a gravidez. Segundo o levantamento, a mesma proporção acaba engravidando novamente antes de atingir a maioridade.

A pesquisa, realizada com 1.177 mulheres de todas as regiões do país e usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS), deve pautar novas ações de prevenção da gravidez na adolescência.

Apesar de uma queda no número de gestação entre os 19 anos nos últimos anos, o Brasil ainda mantém uma taxa de 43,1 nascimentos para cada mil adolescentes, mais de três vezes a média dos países europeus e da América do Norte. Por dia, aproximadamente mil bebês de mães adolescentes nascem no país.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a gravidez na adolescência está associada a maiores riscos obstétricos, como anemia, hipertensão e parto prematuro, além de ser a principal causa de abandono escolar por meninas.

O estudo, liderado pelo Hospital Moinhos de Vento em Porto Alegre (RS) através do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi), analisou os impactos biológicos, psicológicos e sociais da gravidez na adolescência. Mães de 10 a 19 anos e seus filhos foram avaliados e comparados com mães adultas de 20 a 29 anos.

Entre as adolescentes, 2,12% foram mães entre 10 e 14 anos, situação considerada estupro de vulnerável mesmo em casos de consentimento. Mais de 14 mil nascimentos ocorreram nessa faixa etária apenas em 2022.

Entre as complicações gestacionais analisas, a anemia foi mais observada entre as mães adolescentes. Segundo os pesquisadores, pode ter sido devido a consultas pré-natais tardias e/ou em menor número ou mesmo a condições de saúde pré-existentes.

A pesquisa destacou que a falta de educação e informações sobre sexualidade contribuiu para a gravidez não planejada em 21,3% das mães adolescentes.

Segundo relatos das meninas, as informações que tinham sobre sexualidade eram ausentes e confusas.

“Menos de 10% delas se referiram que essas informações vieram a partir de profissionais da saúde. A gente espera que os dados sirvam de subsídios para políticas de prevenção”, disse o pediatra Tiago Dalcin, líder do projeto Adolescentes Mães do Hospital Moinhos de Vento.

A maternidade na adolescência também tem relação direta com o abandono dos estudos. Mais de dois terços (67%) das meninas mães não estavam estudando quando o filho nasceu e 79% não estavam estudando no momento da entrevista.

Um quarto das mães adolescentes (25%) foi abandonada pelo pai da criança ao descobrir a gravidez, e 10% não mantiveram vínculo com o parceiro. A falta de apoio familiar durante a descoberta da gravidez foi relatada por 8,8% das adolescentes.

A maternidade na adolescência também impactou a vida social das jovens, 65% consideram que a vida ficou mais difícil, 58% perderam amigos após a gestação e 17% classificaram a gravidez como o pior período de suas vidas.

A pesquisa também revelou altas taxas de depressão, ansiedade e estresse entre as mães adolescentes, totalizando 61,9%, 63,8% e 55,7%, respectivamente. Entre as mães adultas, as taxas foram de 50,5%, 51,6% e 49,1%.

O estudo ainda apontou que, a cada dez adolescentes diagnosticadas com depressão e/ou ansiedade, apenas quatro recebiam acompanhamento.

O impacto econômico da gestação na adolescência foi estimado em mais de R$ 1,2 bilhão, considerando gastos com consultas, exames e internações.

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