Na última sexta-feira o governo do estado de São Paulo tomou uma decisão que já era esperada no setor elétrico, a retomada das discussões sobre a privatização da Companhia Energética do Estado de São Paulo (Cesp). No fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o conselho diretor do Programa Estadual de Desestatização (PED) autorizou o governador José Serra a prosseguir com os estudos sobre a venda da empresa, que segundo levantamento dos bancos Fator e Citibank, é estimado em R$ 14 bilhões.
Essa decisão estava em discussão desde o dia 23 de outubro quando a secretaria estadual da Fazenda anunciou a contratação do consórcio liderado Citibank para dar início à prestação de serviços de consultoria para avaliação modelagem e execução da venda de participação acionaria, das ações detidas pelo governo do estado no capital da Cesp. “Agora é uma questão de tempo. Assim que for concluída a modelagem para a privatização, vamos realizar o leilão que, possivelmente, sairá no primeiro trimestre de 2008”, disse a este jornal a secretária estadual de saneamento e energia, Dilma Seli Pena.
A empresa paulista, uma das maiores geradoras do país, é responsável por 60% da energia produzida no estado e por 10% da gerada no País. Ao todo são seis hidrelétricas com capacidade instalada total de 7.456 megawatts (MW) e energia assegurada de 3.916 MW/médios. A maior usina, Ilha Solteira, com 3.444 MW instalados, fica localizada no rio Paraná.
Conforme antecipou a Gazeta Mercantil na edição de 26 de julho de 2006, a Cesp já estava sendo preparada para a privatização. À época, de acordo com a informação de uma fonte, a estatal paulista, poderia ser fatiada em duas ou três empresas para se tornar atraente aos investidores. A expectativa era a de que até o início de 2007 a saúde financeira da Cesp estaria recuperada e pronta para a privatização, o que de fato ocorreu. Ainda de acordo com a fonte, o maior limitador para a venda da empresa seria a dívida de quase R$ 10 bilhões, mas a oferta pública de ações que estava sendo realizada e os recursos provenientes da venda da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (Cteep), em junho poderiam tornar a empresa mais atraente.
A Cesp está dentro do plano de desestatização do estado de São Paulo e já foi colocada à venda em 2000 e 2001, porém, não conseguiu atrair comprador em nenhuma das duas tentativas.
No ano passado a privatização da Cteep pelo grupo colombiano Interconéxion Eléctrica de Espanha (ISA) rendeu à Cesp US$ 534 milhões.
No comunicado da última sexta-feira, o conselho diretor do Programa Estadual de Desestatização deliberou pela convocação de uma audiência pública onde será discutida a modelagem de venda que poderá ser em bloco único por meio de leilão em bolsa.
Empresas interessadas
Ao anunciar a contratação do Citibank para avaliar o processo de privatização da Cesp, no mês de novembro, o grupo Energias do Brasil demonstrou interesse em participar do leilão. A empresa que tem como controladora a Energias de Portugal, possui ativos nas áreas de geração, distribuição e comercialização.
“Temos interesse em olhar para esse ativo, junto com os consórcios, porque nosso objetivo, como já anunciado, está voltado para a área de geração”, afirmou o vice-presidente de relações com investidores, Antonio Selare.
Outro grupo que também não descarta a possibilidade de participar do certame da Cesp é a também privatizada Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL).Segundo seu presidente Wilson Ferreira Junior.
Já o presidente do grupo franco-belga Tractebel -contralada pela Suez-, Manoel Arlindo Zaroni Torres, admitiu recentemente em São Paulo, que também vê bons negócios na estatal paulista.
As ações da Cesp operaram ontem em alta na Bolsa de Valores de São Paulo. (Gazeta Mercantil/Caderno C – Pág. 3)(Ivonéte Dainese).
