O Ministério da Saúde declarou nesta quarta-feira (11) emergência em saúde pública de importância nacional para dar maior agilidade às investigações sobre o aumento de casos de microcefalia em recém-nascidos em Pernambuco registrados desde agosto desse ano. Durante entrevista, o ministro Marcelo Castro informou que o número de casos no estado não passava de dez por ano, mas nos últimos quatro meses, 141 casos foram confirmados em 44 municípios.
“A microcefalia é uma anomalia congênita que se manifesta antes do nascimento e prejudica o desenvolvimento do cérebro dos bebês”, disse o ministro. Castro explicou que os bebês com o problema nascem com perímetro cefálico menor que o normal, superior a 33 cm. “As sequelas são graves e associadas caso a caso”, explicou. Em 90% dos casos, as microcefalias estão associadas com retardo mental.
O diretor do Departamento de Vigilância Epidemológica do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, disse que o ministério está acompanhando a situação desde o dia 22 de outubro, quando foi notificada pela secretaria de saúde do estado e dos municípios. Ele informou que uma esquipe de resposta rápida às emergências em saúde pública está em campo, fazendo investigações epidemiológicas, como revisão de prontuários e outros registros de atendimento médico da gestante e do recém-nascido, além de exames laboratoriais e de imagem.
Maierovitch afirmou que ainda não é possível determinar a causa do aumento de casos da doença, que pode ser causada por substância químicas, agentes biológicos, como bactérias, vírus e radiação. “Nenhuma hipótese está sendo descartada”, disse o especialista.
A recomendação do Ministério da Saúde é que as gestantes não usem medicamentos não prescritos e que façam um pré-natal qualificado e todos os exames previstos, além de relatarem aos médicos qualquer alteração que perceberem durante a gestação.
“Combinamos com o estado de Pernambuco de fechar semanalmente boletins com o balanço da situação”, disse o diretor. Segundo Maierovitch, o ministério também está apurando ocorrências da doença nos estados da Paraíba e Rio Grande do Norte com base em relatos de profissionais de saúde dos estados, mas as secretarias estaduais de saúde ainda não têm os números organizados.
A situação já foi comunicada à Organização Mundial de Saúde e à Organização Pan-americana de Saúde, conforme protocolos internacionais de notificação de doença.