Mais de 1.500 policiais civis e militares de São Paulo estão sendo investigados pelas corregedorias de suas instituições porque, mesmo obrigados, não comprovaram terem tomado todas as doses necessárias da vacina contra a Covid-19. Isso representa cerca de 1,4% dos cerca de 112 mil policiais do estado.
A apuração atende a decreto da gestão João Doria (PSDB) no início do ano, que obrigava os servidores públicos estaduais a enviar à Procuradoria-Geral do Estado documentação comprovando o esquema vacinal completo contra a Covid.
Os servidores tinham cinco dias para enviar. Estavam isentos aqueles com atestado médico contraindicando a vacinação contra a Covid –esse atestado também deveria ser encaminhado à procuradoria.
O contingente investigado engloba uma série de situações, entre as quais o não acesso ao sistema para inclusão dos dados e policiais que afirmaram que, por questões ideológicas, não vão se imunizar.
De acordo com policiais ouvidos pela Folha, os investigados responderão, a depender da instituição, por suposto descumprimento de ordem ou dever legal, e ou deixar de cumprir ou fazer cumprir as normas legais ou regulamentares. A punição pode ser suspensão e até demissão.
Segundo a Folha apurou, na Polícia Civil pelo menos 60 agentes disseram que não vão se imunizar e devem ir aos tribunais. Eles podem, porém, ser impedidos de acessar as delegacias e, assim, responder por falta ao trabalho.
A investigação também apura quase 700 policiais que não entraram no sistema para o envio da documentação, cerca de 160 que os preenchimentos não foram validados (por problemas de informações) e até os cerca de 140 policiais que apresentaram atestados.
No caso dos atestados, a intenção é verificar se os médicos que assinaram os documentos possuem competência para isso ou se existem –casos de compra de atestado.
A Corregedoria deve apurar ou acompanhar a situação de cerca de cem policiais que disseram que não se imunizaram, mas têm interesse de fazer isso, e cerca de 220 que não estão com o esquema completo.
Na PM, conforme apuração da reportagem, há uma estimativa de que cerca de 4.000 agentes não tenham realizado a vacinação completa.
A estimativa de integrantes da cúpula da corporação é de 500 a mil policiais a serem efetivamente investigados. Também há os antivacinas, mas são considerados poucos.
A corporação estuda qual será a punição a ser aplicada. Há um entendimento de que antes da publicação não havia a obrigatoriedade da vacinação. Assim, aqueles que não tinham se imunizado podem fazê-lo agora e precisam de tempo para a segunda dose.
A corporação também estuda como lidar com os policiais militares que, deliberadamente, não se vacinaram e vão insistir na decisão.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública informou que já prestou todas as informações sobre o tema à Controladoria Geral do Estado.