Há novos personagens no cenário das ruas de Moscou, São Petersburgo e mais 9 cidades-sede da Copa do Mundo: há dois dias, grupos da tropa de elite Spetnaz, de combate avançado, e do time Alpha, antiterrorismo – ambos das forças especiais -, reforçam a vigilância nas áreas de concentração de público. O movimento, dizem as autoridades, já era previsto.
Não houve ameaça de atentado e o nível de alerta está mantido no terceiro nível, laranja, um abaixo do estado vermelho, o mais alto. O governo russo montou para a Copa “o maior esquema de segurança já visto em grandes eventos”. Na tradição do regime de Vladimir Putin, os dirigentes falam pouco a respeito do projeto. Limitam-se a informar que há 15 diferentes organizações militares e policiais diretamente envolvidas no processo, “além do pessoal dos países amigos”.
Agentes da Policia Federal acompanham a seleção brasileira. As agências de inteligência norte-americanas estimam o tamanho do efetivo mobilizado em 350 mil homens e mulheres – metade em prontidão de pronta resposta, metade em ação. O centro de comando está diretamente subordinado a Nikolai Patrushev, o chefe do Serviço Federal de Segurança da Federação Russa (FSB), sucessor da sinistra KGB, do período da União Soviética. Marinha, Exército e Aeronáutica somam perto de 1 milhão de soldados.
Zona de exclusão
A presença dos grandalhões Spetnaz em suas fardas de camuflagem cinzenta e das equipes Alpha, de uniforme preto, complementa os olhos eletrônicos de satélites, grandes aviões de sensoriamento remoto, drones digitais e de caças pesadamente armados que sobrevoam tudo o tempo todo, inclusive os estádios, sem que sejam percebidos.
Uma zona de exclusão é declarada sobre o espaço aéreo horas antes de cada jogo e vigora até depois que a multidão se disperse. O acesso dos voos aos três aeroportos internacionais de Moscou – Sheremetyevo, Vnukovo e Domodedovo – é feito por meio de corredores fortemente vigiados. A cidade, repleta de atrações para os turistas, é monitorada a partir de um centro eletrônico equipado com 700 câmeras de alta resolução, capazes de fazer identificação facial em poucos segundos. A rede atua em conjunto com o sistema já existente. Qual é o total dos equipamentos? “Muito grande”, respondeu Sergei Evisy, um porta-voz do setor.
O ataque de um terrorista do tipo lobo solitário, armado com uma faca, é difícil de ser evitado. Mas dificilmente esse extremista poderia escapar da repressão violenta. Poucos dias antes da abertura da Copa, os Spetnaz foram lançados por helicópteros sobre um dos estádios em um exercício de simulação de atentado armado. Por terra entraram os Alpha. Nenhum dos alvos teria sobrevivido se a operação fosse real. O ensaio durou 17 minutos.