Começou nesta segunda-feira (4), em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, o julgamento do goleiro Bruno, acusado de planejar a morte da ex-amante, Eliza Samúdio, e sumir com o corpo dela. Cinco mulheres e dois homens compõem o júri.
Pouco antes das oito da manhã Bruno foi levado da penitenciária num comboio do sistema prisional. Foram 20 minutos até a chegada ao fórum de Contagem. No banco dos réus, Bruno mostrou sinais de apreensão: cabeça baixa, mãos cruzadas, olhos fechados. O goleiro chorou várias vezes e leu a bíblia entregue por um dos advogados.
Ele é acusado de homicídio triplamente qualificado, ocultação do cadáver de Eliza e de sequestro e cárcere privado do filho que teve com a ex-amante. Dayanne Rodrigues, ex-mulher do goleiro, responde em liberdade pelos crimes de sequestro e cárcere privado de Bruninho.
No início da sessão, a juíza Marixa Fabiane negou um pedido da defesa de Bruno para suspender o júri até o julgamento de um recurso contra a emissão da certidão de óbito de Eliza.
O advogado de Bruno também pediu à juíza para que os jurados tivessem acesso a uma investigação, realizada a pedido da promotoria, que aponta mais dois suspeitos de participação no crime: o policial civil aposentado José Lauriano de Assis, o Zezé, e o policial civil Gilson Costa.
De acordo com o Ministério Público, entre os dias 5 e 10 de junho de 2010, época do sumiço e morte de Eliza, há registros de 39 ligações telefônicas entre Zezé e Macarrão, e de 50 chamadas entre Gilson e Bola, acusado de executar Eliza.
Só depois do almoço, por volta de duas da tarde, as testemunhas começaram a ser ouvidas.
A primeira a falar foi a delegada Ana Maria Santos, que investigou a morte de Eliza. Ela contou que Jorge Luiz Rosa, primo de Bruno, e menor à época do crime, detalhou como Eliza foi assassinada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola. A delegada disse ainda que Jorge não aparentava estar sob efeito de drogas, ao contrário do que ele alegou em entrevista ao Fantástico.
Jorge tinha sido convocado como testemunha de defesa de Bruno e de acusação, mas não compareceu. Ficaram sete das 15 testemunhas chamadas.
De acordo com a polícia, Eliza foi sequestrada no Rio e levada para o sítio de Bruno em Esmeraldas, região metropolitana de Belo Horizonte, onde ficou em cárcere privado. Eliza queria que o goleiro reconhecesse a paternidade de Bruninho. Depois de cinco dias, ela teria sido entregue para Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, para ser executada.
Em novembro do ano passado, Macarrão foi condenado a 15 anos pelo assassinato de Eliza e pelo sequestro e cárcere privado de Bruninho. Macarrão disse que foi Bruno quem o mandou entregar Eliza Samúdio ao homem que a mataria.
Dona Sônia Moura, mãe de Eliza, que acompanha o julgamento, disse que não perdoa Bruno. ”Não, o perdão ele tem que pedir a deus e ao filho dele, futuramente”.