Se os brasileiros já são apaixonados por carros mesmo pagando R$ 2,50 pelo litro da gasolina, imagine se o preço fosse de apenas 9 centavos? Pois essa é a realidade dos vizinhos da Venezuela, que pagam bem menos pelo combustível do que por uma garrafa de água potável.
Dono de uma das maiores reservas de petróleo do mundo e um dos principais fornecedores dos Estados Unidos, o país de Hugo Chávez tem sua economia regida há muitos anos pelo vai-e-vem do preço dos barris no mercado internacional. Quando o valor do “ouro negro” sobe, como agora, o governo tem dinheiro de sobra para investir em infra-estrutura e programas sociais.
Mas o petróleo barato influencia principalmente a microeconomia, aquela do dia-a-dia dos venezuelanos. E a diferença está nas ruas. Quase não se vê carros de mil cilindradas, mais econômicos, nas ruas de Caracas.
A população prefere carrões ao estilo norte-americano, que fazem em média de 5 a 7 quilômetros com um litro de gasolina -contra uma média de 10 quilômetros por litro dos carros mil cilindradas, um sucesso de vendas no Brasil.
O preço baixo na Venezuela contrasta com o dos países vizinhos. “Quando vamos viajar pela América Latina, é comum levarmos galões de gasolina em tanques reservas, porque o gasto que se tem com o combustível nos outros países é absurdo”, diz Sanchez. Para mim é assombroso que um litro de gasolina possa custar mais de 1 dólar. A sensação é que é dinheiro jogado fora, queimado”, completa.
A capital dessa Arábia Saudita sul-americana tem um trânsito digno das caóticas cidades asiáticas subdesenvolvidas. A hora do rush em Caracas é um inferno até para o mais destemido paulistano, já acostumado a driblar congestionamentos intermináveis, buracos e enchentes.
Para escapar do trânsito, os venezuelanos aderiram às moto-táxis, um mercado que cresce na mesma proporção da carência de um transporte coletivo de qualidade. Se
você se lembrou de São Paulo ou Rio de Janeiro talvez não seja mera coincidência, mas sim outro ponto em comum entre as capitais sul-americanas, além da violência.
A frota de veículos no país de Chávez está muito longe da brasileira. Estatísticas internacionais apontam que a Venezuela tem 2,2 milhões de carros, ocupando o 39º lugar no ranking mundial. Já o Brasil tem 21,1 milhões, e é o sétimo no mesmo ranking.
Fazendo as contas, o Brasil tem um carro para cada grupo de 8,5 habitantes. Já a Venezuela tem 11,8 habitantes por carro -mas numa área bem menor.