A precocidade vista em Gabriel Jesus para se tornar ídolo do Palmeiras, conquistar o seu espaço no Manchester City e ser titular da Seleção ainda não o ajudou a brilhar na Rússia.
Atacante mais jovem a vestir a camisa 9 do Brasil na história das Copas do Mundo, o jovem, de apenas 21 anos, não exibiu nos três jogos que a Seleção disputou o futebol que o fez conquistar a confiança do técnico Tite desde a sua estreia em confronto contra o Equador pelas Eliminatórias, quando marcou dois gols do triunfo por 3 a 0 em Quito.
“Estou muito focado, sei que a camisa da seleção tem muito peso, com grandes referências no futebol. Você vai ser questionado pela falta de gols, mas acho que venho fazendo boas partidas, tirando a primeira. Quero ajudar com gols, mas se eles não saírem, vou ajudar de outra maneira”, afirmou o jogador, após o triunfo por 2 a 0 sobre a Sérvia, em Moscou.
Na Rússia, Gabriel Jesus ainda não emplacou, como mostram as estatísticas oficiais da Fifa. Elas revelam que o atacante não conseguiu acertar o rumo do gol, só tendo finalizado duas vezes na competição, sendo ambas para fora, número considerado muito baixo para um centroavante. Além disso, cometeu quatro faltas e ficou três vezes impedido.
Os números confirmam um Gabriel Jesus bem diferente do que encantou Tite, com letalidade, velocidade e boas atuações coletivas. Antes do início da Copa do Mundo, eram 10 gols marcados em 17 jogos disputados com o treinador, o que o fez não ter a titularidade ameaçada nem mesmo após Roberto Firmino concluir melhor a temporada 2017/2018 do futebol europeu.
A avaliação, inclusive, era de que a “sombra” do jogador do Liverpool lhe fazia bem, pois aumentava a competitividade. Mas na Copa do Mundo, Gabriel Jesus tem aparentado certa ansiedade. Contra a Sérvia, até foi mais participativo do que em jogos anteriores, mas perdeu chances claras e até atrapalhou alguns dos ataques da equipe nacional.
Ainda assim, segue tendo a confiança de Tite, embora a avaliação seja de que precisa reagir no mata-mata para não ter a sua vaga de titular ameaçada. O técnico, inclusive, já testou uma formação sem o atacante em treinamento preparatório para o duelo contra a Sérvia, com a entrada de Fernandinho. E utilizou Roberto Firmino, saindo do banco de reservas, nas duas rodadas iniciais da Copa do Mundo. “Uma das coisas que mais doem é deixar jogador de qualidade fora, como o Firmino”, admitiu Tite.
De qualquer forma, Gabriel Jesus e, também, Tite se apegam ao desempenho tático em sua defesa. E, nesse aspecto, ele até tem feito a sua parte, como ao dar o passe para Philippe Coutinho marcar no difícil triunfo sobre a Costa Rica. E também abrindo espaços na defesa da Sérvia ao se deslocar e permitir o avanço livre de Paulinho, para colocar o Brasil em vantagem na partida da última quarta-feira em Moscou.
O atacante, inclusive, tem ajudado bastante na recomposição defensiva, também dando um descanso a Neymar e até tendo ocupado a lateral esquerda enquanto Filipe Luís não entrava em campo para substituir o lesionado Marcelo na última quarta-feira. “As pessoas nem sempre observam, mas sempre fui bom taticamente, desde a época do Palmeiras”, lembrou o 9 de Tite.
Ainda assim, em uma função em que o Brasil já contou com a letalidade de Vavá, Jairzinho, Romário e Ronaldo em outras Copas do Mundo, a expectativa é para que os gols de Gabriel Jesus comecem a aparecer contra o México, ainda mais que pela primeira vez desde 1974 a seleção terminou a primeira fase do Mundial sem um gol de centroavante. “Artilheiro vive de fazer grande jogo. Por vezes a bola terminal surge para ele”, afirmou Tite, torcendo para que ela apareça para o seu centroavante em Samara, nesta segunda-feira.
