domingo, 24 de novembro de 2024
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Funcionária é desligada após ameaçar de demissão eleitores do PT

Uma psicóloga do setor de Recursos Humanos (RH) da rede Ferreira Costa em Pernambuco foi desligada da empresa após ameaçar, em publicação nas redes sociais, demitir funcionários que são apoiadores…

Uma psicóloga do setor de Recursos Humanos (RH) da rede Ferreira Costa em Pernambuco foi desligada da empresa após ameaçar, em publicação nas redes sociais, demitir funcionários que são apoiadores do Partido dos Trabalhadores (PT).

“Se tiver demissão em massa, vou fazer de tudo para começar pelos petistas”, declarou no post.

A publicação da psicóloga e coordenadora de desenvolvimento humano Karina Lopes foi feita após Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sair na frente no primeiro turno para a presidência da República, com 48,43% dos votos. O g1 tentou contato com ela, mas não recebeu resposta até a última atualização desta reportagem.

O post viralizou nas redes sociais na terça-feira (4), fazendo com que pessoas cobrassem um posicionamento da empresa. A publicação foi salva e compartilhada por um seguidor da psicóloga.

O Ministério Público do Trabalho (MPT) no estado disse, por nota, que recebeu denúncia formal sobre “os relatos de assédio eleitoral em empresa varejista no Recife e que “instaurou procedimento investigatório para apurar a responsabilidade da empresa no ocorrido, bem como as providências tomadas” (veja mais abaixo).

Em nota publicada no mesmo dia, a Ferreira Costa disse que não compactua “com atitudes ofensivas ou discriminatórias” e que a “colaboradora não faz mais parte do quadro da empresa”.

Karina Lopes, que é natural do Rio de Janeiro, em suas redes sociais demonstra apoio à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), opositor de Lula (PT), e publicou a ameaça aos funcionários petistas da empresa nos stories do seu Instagram.

Em Pernambuco, Lula teve ampla vantagem contra Bolsonaro no primeiro turno, com 3.558.322 votos, 65,27% dos votos válidos.

A psicóloga excluiu as contas no Instagram, onde fez a publicação, e no Linkedin. O g1 entrou em contato com Karina Lopes pelo Facebook e pediu uma resposta sobre o caso, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.

Respostas
Procurada pelo g1, a assessoria de imprensa da Ferreira Costa disse que o posicionamento da empresa é o que foi compartilhado nas redes sociais e não respondeu quantos funcionários tem em Pernambuco, há quanto tempo a funcionária era contratada e se ela foi demitida por justa causa.

No comunicado, a empresa confirmou que houve “uma postagem de uma colaboradora em sua rede social pessoal” e afirmou que o que foi dito por ela “não dialoga” com os valores da empresa. “Nosso trabalho é sempre regido pela ética, respeito e valorização de todos os que fazem parte da empresa”, declarou, na nota.

A Ferreira Costa foi fundada em 1884, em Pernambuco, e tem lojas atualmente em no Recife e em Garanhuns e Caruaru, no Agreste do estado, além de Aracaju, João Pessoa, Salvador e Natal, segundo informações da página deles na internet.

O g1 entrou em contato com o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) para saber se o órgão recebeu denúncia sobre o caso ou se iniciou alguma apuração, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.

Por nota, o Conselho Regional de Psicologia de Pernambuco afirmou que qualquer descumprimento do exercício da profissão deve ser denunciado por meio dos canais oficiais para averiguação, fiscalização e tomada das providências cabíveis.

O Ministério Público do Trabalho informou que recebeu denúncia formal sobre o caso, que instaurou procedimento investigatório para apurar a responsabilidade da empresa no ocorrido, e que condena a prática de assédio eleitoral. Segundo o MPT, em agosto, foi emitida uma recomendação em virtude das eleições.

No documento, o órgão disse que orienta “que empresas e empregadores não ofereçam benefícios em troca de voto em candidato ou candidata nem ameacem trabalhadores caso eles não escolham determinado candidato ou candidata”.

Segundo o Ministério Público do Trabalho, a prática de assédio eleitoral contra trabalhadores pode resultar em medidas extrajudiciais e judiciais na esfera trabalhista.

O MPT esclareceu ainda que o uso de violência ou ameaça com o intuito de coagir alguém a votar ou não em determinado candidato é crime eleitoral e que a Constituição Federal “garante a liberdade de consciência, de expressão e de orientação política, protegendo o livre exercício da cidadania por meio do voto direto e secreto”.

Como denunciar?
De acordo com o Ministério Público do Trabalho, denúncias de assédio eleitoral devem ser formalizadas nos canais oficiais do órgão ministerial, por meio do site ou do aplicativo Parda. As denúncias podem ser realizadas de forma sigilosa ou anônima, mas é preciso estar atento para encaminhar as informações mínimas necessárias para a abertura de investigações.

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