sábado, 23 de novembro de 2024
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Freira de Catanduva vence o programa MasterChef, da Band

A temporada 2020 do MasterChef Brasil chega ao seu 17° episódio com um fato inédito: pela primeira vez desde 2014, ano em que o talent show estreou na Band, uma…

A temporada 2020 do MasterChef Brasil chega ao seu 17° episódio com um fato inédito: pela primeira vez desde 2014, ano em que o talent show estreou na Band, uma freira leva para casa o troféu de melhor cozinheira amadora do País.

E não poderia haver melhor estreia para a irmã Lorayne, de 33 anos e que há 15 faz parte do convento ‘Irmãs de Nossa Senhora da Ressurreição’, de Catanduva, no interior de SP: sem nunca ter feito um tiramisù (doce da primeira prova) ou um estrogonofe de camarão (proteína obrigatória da segunda), Lorayne convenceu e agradou aos jurados em ambos os desafios, e em entrevista exclusiva ao Portal da Band, diz ter contado com um forcinha do ‘Todo Poderoso’.

“Eu já tinha comido o tiramisù, fui apresentada a ele no ano passado, mas não tinha memória de como ele era. Rafaela me ajudou com a receita e pedi a intercessão de todos os santos (…). Era Deus me falando pega isso, pega aquilo e assim eu fiz”.

Já no desafio final, a participante contou com uma dica e tanto de Jacquin: “Minha surpresa maior foi tê-lo na minha bancada encontrando um camarão sujo. Foi aí que refiz a limpeza de todos os outros. Ele veio do céu para me ajudar naquele momento”.

Sua relação com a comida nasceu antes mesmo da vida religiosa. Foi com a avó, dona Aparecida, que Lorayne encarou o fogão pela primeira vez. “Tinha uns 9 ou 10 anos, quando fiz um arroz. Minha mãe e tia também sempre cozinharam. Os almoços de domingo eram festivos e caprichados em casa”, relembrou. Contudo, foi no convento, quando passou a cozinhar para cerca de 20 freiras, que o dom aprimorou. “As atividades e tarefas domésticas são todas divididas, inclusive o preparo das refeições. Galinhada, lasanha, creme de milho e frango com molho são os pratos mais famosos. Foi lá, também, que acabei conhecendo os alimentos mais requintados, como alho-poró e camarão”. Hoje, Lorayne é chamada pelas freiras de “irmã das comidas molhadas”. “Esse jeito de cozinhar vem do meu pai, que gosta das coisas com creme de leite, bem cremosas”, explicou.

A irmã e mais nova vencedora do MasterChef 2020 decidiu entrar no convento ainda adolescente, após estudar em um colégio de freiras. “Foi na escola que tive maior contato com as irmãs, com a pastoral… Elas eram muito presentes ali e aquilo foi crescendo dentro de mim como uma sementinha. Eu sempre achei a vida delas muito legal”, disse. A conversão aconteceu, enfim, aos 17 anos, quando cursava o terceiro ano do ensino médio. “Apesar de gostar, eu, até então, nunca tinha pensado em ser religiosa. Mas, quando uma irmã recém-chegada me convidou para um encontro vocacional, me apaixonei. Senti muita paz e tranquilidade naquele encontro”, relembrou. Foram seis anos de preparação, até Lorayne fazer os votos, aos 24.

Para participar do MasterChef, porém, Lorayne precisou atacar de ‘noviça rebelde’ após receber, primeiramente, um “não” da madre coordenadora da instituição. “Ela achou totalmente inusitado e me disse ‘não’, que aquilo não era para gente. Enquanto isso, eu corri e fiz a minha campanha. Falei com as outras irmãs, perguntei o que achavam, elas me deram apoio e conversaram com ela. Quando eu menos esperei, me ligou dizendo que eu podia participar. Me inscrevi e foi só felicidade”.

Lorayne contou que já sofreu preconceito ao frequentar determinados lugares, principalmente quando está vestido o hábito. “Como as pessoas não nos conhecem, muitos acham que só temos proibições, mas também estamos passando por transformações e mudanças. A vida religiosa pode, sim, estar em todos os lugares; a junção de gastronomia com a igreja é muito real. Nas passagens bíblicas, Jesus compartilhou o pão, foi a casamentos (…). Estar no MasterChef é mostrar que a gente também come, cozinha e está inserida no contexto tecnológico.

Apesar de ter cozinhado sozinha, Lorayne divide a vitória com as demais freiras de sua congregação. “Temos obras na instituição, então o dinheiro vai para lá. A vida religiosa feminina é muito forte e, mesmo longe, todas estiveram comigo”.

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