Apesar de o mundo todo estar voltado à produção canavieira nacional, os fornecedores de cana-de-açúcar, principalmente os pequenos, deverão ter prejuízo na safra 2007. A informação foi transmitida pelo técnico da Associação dos Fornecedores de Cana da Região de Catanduva (AFCRC), José Dias, em entrevista ao Notícia da Manhã. Dois fatores contribuem de forma negativa para o desempenho da safra deste ano: estiagem e queda do dólar.
De acordo com Dias, a quebra na safra em função da seca pode chegar a 15%, percentual maior do que a estimativa de aumento da produção em relação ao ano passado. “Tivemos uma quebra de produção por causa da seca que antes do chuvisqueiro de hoje (ontem), estávamos a quase 70 dias sem chuva. Os fornecedores falam em queda na produção entre 10% e 15%”, contou.
O técnico explica que sem a ocorrência de chuvas a planta não se desenvolve como poderia e isso prejudica o rendimento da safra.
A queda do dólar verificada desde o início da safra desse ano derrubou o preço da tonelada de cana em 23%. “Em abril, quando começou a safra, o preço da tonelada de cana estava em R$ 39, o mês de setembro fechou em R$ 30”, informou. A variação de preço durante o mesmo período da safra anterior foi de 2%. No início da safra, que começou em maio no ano passado, a tonelada de cana custava R$ 46 e em setembro daquele ano o valor da cana estava em R$ 45, a tonelada.
“Esse será um ano muito difícil para o fornecedor de cana. Principalmente para o pequeno produtor, aquele que depende somente do cultivo da cana. De acordo com os dados que tem até agora a planta desta safra deve pagar apenas os custos operacionais do cultivo, não os custos totais”. Segundo dados do setor canavieiro no Estado de São Paulo, o custo operacional do cultivo da cana-de-açúcar atualmente é R$ 30,36 por tonelada. O custo total está estimado em R$ 41,15 por tonelada.
Na opinião do técnico a crise enfrentada pelo setor é reflexo da expansão do setor que gerou uma super oferta de produto no mercado interno. Dias descarta “euforia” do produtor e diz que a perspectiva é de que a safra de 2008 ainda sinta os efeitos deste ano.