sexta, 22 de novembro de 2024
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Flordelis usou rede social há uma semana para falar sobre marido

Há uma semana, a deputada federal Flordelis (PSD-RJ) fez uma publicação sobre a morte do marido, o pastor Anderson do Carmo, em uma rede social. Investigações da Polícia Civil e…

Há uma semana, a deputada federal Flordelis (PSD-RJ) fez uma publicação sobre a morte do marido, o pastor Anderson do Carmo, em uma rede social. Investigações da Polícia Civil e Ministério Público do Rio apontam a deputada como mandante do assassinato do pastor Anderson do Carmo, em junho de 2019. Ela foi denunciada e virou ré no caso.

No post, ela usa uma foto de uma viagem feita a Israel e diz que a morte do marido deixou um “vazio enorme” em sua vida.

“Hoje faz um ano e dois meses que você se foi deixando um vazio enorme. Ainda estou desnorteada, um pedaço do meu mundo se foi para sempre e parte de mim morreu junto com você”, diz o início da mensagem.

Em seguida, ela fala da crueldade da morte do marido.

“A dor se mistura com a revolta, foi cruel demais o que fizeram com você e busco forças em Deus e nas suas lembranças para lutar”.

Flordelis cita ainda a falta que sente de Anderson.

“Sinto muito a sua falta, amo você e do meu coração você jamais sairá”.

A deputada comenta em outro trecho:

“Dizem que o tempo cura tudo, não e verdade, quanto mais esse tempo passa, mais a dor de viver sem você aumenta”.

E finaliza a mensagem da seguinte forma:

“Enquanto eu viver, você vai viver em mim e através de tudo que eu fizer, porque farei sempre por nós dois!

Te amo meu Nem!”.

Mandante do crime
Segundo a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio, Flordelis mandou matar matar o marido por questões financeiras e poder na família — — o pastor controlava todo o dinheiro do Ministério Flordelis, hoje rebatizado de Comunidade Evangélica Cidade do Fogo.

Nesta segunda, oito pessoas foram presas pelo envolvimento no crime, durante a Operação Lucas 12.

Flordelis não pôde ser presa por causa da imunidade parlamentar — quando somente flagrantes de crimes inafiançáveis são passíveis de prisão.

Segundo a polícia, antes do assassinato a tiros, Flordelis começou a tentar matar o marido em maio de 2018, botando arsênico na comida dele.

As prisões foram expedidas pela 3ª Vara Criminal de Niterói, que aceitou a denúncia do MP e tornou Flordelis ré.

Resumo
O inquérito concluiu que Anderson foi morto por questões financeiras e poder na família — o pastor controlava todo o dinheiro do Ministério Flordelis, hoje rebatizado de Comunidade Evangélica Cidade do Fogo.
Flordelis é uma das 11 pessoas denunciadas pelo MPRJ (veja a lista abaixo).
Após o crime, Flordelis relatou em depoimento e à imprensa que o pastor teria sido morto em um assalto.
A deputada vai responder por cinco crimes: homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima), associação criminosa, falsidade ideológica e uso de documento falso. Pelo envenenamento, ela responderá por tentativa de homicídio.

Sete filhos presos
Ao todo, sete filhos da deputada foram presos por envolvimento na morte do pastor. Todos já são réus perante a Justiça.

Nesta segunda, foram presos cinco filhos do casal (Adriano, André, Carlos, Marzy e Simone) e uma neta (Rayane).
A Justiça ainda emitiu mandados de prisão contra dois homens que já estavam na cadeia: o filho apontado como autor dos disparos (Flavio) e um ex-PM (Marcos).
Um sétimo filho (Lucas), que já tinha sido preso por conseguir a arma, foi denunciado na Lucas 12.

A defesa de Flordelis se disse “surpresa com a prisão”. “A deputada está muito aborrecida e chateada com tudo que está ocorrendo porque tem com ela a inocência”, disse o advogado Anderson Rollemberg (leia mais abaixo).

O PSD divulgou nota em que anunciou “a suspensão imediata da filiação” da deputada (leia abaixo).

Um enredo, diz delegado
O delegado Allan Duarte, da Delegacia de Homicídios de Niterói, afirmou que Flordelis construiu um “enredo” para chegar à Câmara e construir sua igreja.

“A investigação demostrou que toda aquela imagem altruísta e de decência era apenas um enredo para alcançar a posição financeira e política. Depois que ela alcançou esse objetivo principal de chegar à Câmara dos Deputados, ela colocou em prática esse plano criminoso intrafamiliar”, disse.

Allan explicou que “a principal motivação foi financeira”. “A gente percebeu que foram realizadas diversas tentativas de envenenamento com doses letais, e esse resultado não aconteceu antes por motivos alheios à vontade dos autores”, afirmou.

Já o delegado Antônio Ricardo Nunes, diretor do Departamento-Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa, destacou que um quinto da família se envolveu na execução.

“Temos aí 11 pessoas respondendo criminalmente, levando em conta que a família são 55, nós temos 20% da família envolvida nesse crime”, afirmou o delegado.
Presos na Operação Lucas 12
A polícia assim dividiu a participação na morte de Anderson.

Presos na casa de Pendotiba (Niterói), local do crime:

Marzy Teixeira da Silva (filha adotiva): cooptou Lucas para matar o Pastor Anderson. Também participou dos envenenamentos;
Simone dos Santos Rodrigues (filha biológica): responsável pelos envenenamentos. Simone buscou informações sobre uso de veneno na internet;
André Luiz de Oliveira (filho adotivo): ex-marido de Simone, foi flagrado em conversas com Flordelis combinando o envenenamento;
Carlos Ubiraci Francisco Silva (filho adotivo): pastor, é citado por participação no planejamento da morte;
Preso em Camboinhas (Niterói):

Adriano dos Santos (filho biológico): auxiliou no episódio da carta falsa;
Presa em Guaratiba (Zona Oeste do Rio):

Andreia Santos Maia (mulher do ex-policial Marcos): auxiliou no episódio da carta falsa.
Presa em Brasília:

Rayane dos Santos Oliveira (neta): buscou por assassinos para as tentativas anteriores, como Lucas. Estava no apartamento funcional da mãe.
Já estavam presos:

Flavio dos Santos Rodrigues (filho biológico): apontado como autor dos disparos, já estava preso e teve um mandado de prisão expedido nesta segunda;
Marcos Siqueira (ex-policial): auxiliou no episódio da carta falsa e já estava preso com mais um mandado de prisão expedido nesta segunda.
Além desses nove, foram denunciados:

Flordelis dos Santos de Souza: é a mentora do crime. Responderá por homicídio triplamente qualificado; tentativa de homicídio duplamente qualificado; associação criminosa majorada; uso de documento ideologicamente falso e falsidade ideológica;
Lucas Cezar dos Santos (filho adotivo): já estava preso, mas não teve mandado de prisão nesta operação.
O nome da operação
“Lucas 12″ se refere a uma passagem bíblica. No livro, o apóstolo lembra uma fala de Jesus a uma multidão.

“Tenham cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. Não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido”, disse Jesus.
“O que vocês disseram nas trevas será ouvido à luz do dia, e o que vocês sussurraram aos ouvidos dentro de casa, será proclamado dos telhados”, emendou.

“Alguém da multidão lhe disse: ‘Mestre, dize a meu irmão que divida a herança comigo’. Respondeu Jesus: ‘Homem, quem me designou juiz ou árbitro entre vocês?’”

“Então lhes disse: ‘Cuidado! Fiquem de sobreaviso contra todo tipo de ganância; a vida de um homem não consiste na quantidade dos seus bens.’”

O que diz a defesa da deputada
A jornalistas na delegacia, o advogado Anderson Rollemberg disse ter ficado surpreso.

“A defesa foi surpreendida com essas prisões preventivas das cinco filhas da deputada e da neta. Tomaremos conhecimento do que há de indícios para que essas prisões fossem feitas e para o indiciamento da deputada, já que na primeira fase da investigação, passou longe de qualquer prova que a apontasse como mandante”, afirmou.

“A deputada está muito aborrecida e chateada com tudo que está ocorrendo porque tem com ela a inocência. Jamais foi mandante desse crime bárbaro”, destacou.
Segundo o advogado, Flordelis não tinha ingerência sobre o dinheiro da família. “Ela é cantora gospel, líder religiosa e parlamentar federal. A questão dela sempre foi dar o melhor para os necessitados. Por isso tinha mais de 50 filhos. Na opinião da defesa, está havendo um grande equívoco no desfecho desta investigação”.

Desfiliação
Uma nota assinada por Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, anunciou a suspensão da filiação e prevê a expulsão de Flordelis.

O PSD esclarece que desde o início acompanhou o caso citado e defendeu o andamento e aprofundamentos das investigações.

Diante do indiciamento da parlamentar, o corpo jurídico do partido adotará as medidas para a suspensão imediata de sua filiação e, a partir dos desdobramentos perante a Justiça, serão adotadas as medidas estatutárias para a expulsão da parlamentar dos seus quadros.

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