Autores como Cristovão Tezza, Luiz Ruffato, Ignácio de Loyola Brandão, Paulo Lins, Ronaldo Correia de Brito, Chacal, Alice Sant`Anna, Antonio Geraldo Figueiredo Ferreira, além dos roteiristas Fernando Bonassi e Luiz Bolognesi, participam do evento que irá propor uma reflexão sobre a “palavra”
Consolidando-se como um dos maiores festivais culturais do estado de São Paulo, o Fliv – Festival Literário de Votuporanga –, uma realização da Associação Cultural Moinho de Ideias com, parceria da Prefeitura de Votuporanga, chega à sua quarta edição, trazendo uma programação inteiramente gratuita, reunindo importantes nomes da cultura, sobretudo do universo literário. Entre os dias 1º e 10 de agosto, o público poderá participar de uma série de atividades como debates com escritores, lançamentos de livros, contações de histórias, além de shows e espetáculos teatrais, distribuídos em espaços da cidade como a Nova Concha Acústica e a Praça da Matriz. Especificamente os debates e palestras com autores ocorrem de 3 a 9 de agosto (programação abaixo).
Com curadoria assinada pelo escritor, poeta e jornalista Heitor Ferraz Mello (programação adulta) e pela dupla de escritoras Patricia Secco e Tarsilinha do Amaral (programação infantil), o Fliv 2014 terá, entre seus participantes, escritores renomados como Ignácio de Loyola Brandão, Paulo Lins (patrono do Fliv), Ronaldo Correia de Brito, Chacal, Luiz Ruffato, Cristovão Tezza, Alice Sant’Anna, Antonio Geraldo Figueiredo Ferreira, além dos roteiristas Fernando Bonassi e Luiz Bolognesi. Heitor Ferraz Mello será o responsável pela apresentação dos participantes convidados e ficará a cargo da mediação dos debates.
Já na área musical, o festival receberá a apresentação de importantes nomes da música brasileira, de várias vertentes, como Sérgio Reis, Renato Teixeira, Biquini Cavadão, Chico Cesar, Orquestra Paulistana de Viola Caipira e Jorge Aragão.
PALAVRA – A proposta da edição 2014 do Fliv é refletir sobre a “palavra” na vida de hoje, sobretudo em suas diferentes manifestações, como nas ruas, nas redes sociais e na literatura. “Numa época sem utopia, a palavra oferece a sua resistência à massificação dos sentimentos. E levanta bandeiras, cria histórias e procura se expressar na prosa e na poesia”, explica o curador Heitor Ferraz Mello.
A escolha da “palavra” como fio condutor dos temas e da escolha dos participantes teve como ponto de partida as manifestações ocorridas no Brasil em junho de 2013. Para Ferraz, “a ideia é ressaltar a importância dos diferentes usos que a palavra pode ter num mundo de manifestações, onde todos falam e emitem suas opiniões, independentemente da posição que defenda. É a palavra ganhando corpo nas manifestações, sonhando um caminho para o Brasil”.
A palavra também foi fundamental na escolha dos participantes dos debates. Segundo o curador, “Paulo Lins e Luiz Ruffato têm em comum obras com enfoque nas questões brasileiras, por isso debaterão sob o tema “A Palavra País”. Já o premiado romancista Cristóvão Tezza, autor de “O filho Eterno”, falará sobre “A Palavra Manifesta”. Tezza foi professor de Língua Portuguesa na Universidade Federal do Paraná e falará sobre a palavra na literatura e em seus romances. Seu último romance, “O Professor”, tem como protagonista um velho filólogo desfiando sua memória.
Nome de destaque entre os participantes, o escritor Ignácio de Loyola Brandão relembrará o golpe militar de 64 e os 40 anos de seu livro “Zero”, proibido no Brasil na época. “Zero primeiramente foi publicado na Itália, por conta de sua proibição no Brasil. Ignácio dará detalhes dessa época, em que cópias do livro circulavam pelo país datilografadas ou reproduzidas em mimeógrafos. Com isso, é importante ressaltar como a cidadania é importante no nosso mundo”, afirma Heitor.
A poesia também é um dos focos principais dos debates do Fliv, refletida no encontro entre duas gerações de autores do gênero: Chacal e Alice Sant’anna. Ferraz explica a escolha ressaltando que “são duas gerações que conversam, principalmente pelo redescobrimento da literatura e poesia dos anos 70”. Chacal e Alice Sant’anna escrevem poesias que têm em comum a preocupação com o cotidiano. O curador também fez questão de criar uma mesa dedicada ao cinema com a participação de Fernando Bonassi e Luiz Bolognesi. “A ideia é mostrar as semelhanças entre essas duas linguagens artísticas (literatura e cinema), sobretudo na criação de narrativas, roteiros e universos fictícios”, conclui o curador.
A quarta edição do Fliv tem o patrocínio da Usina Colombo e Açúcar Caravelas por meio do Programa de Ação Cultural – Proac/ICMS, Governo do Estado de São Paulo e Secretaria de Estado da Cultura; Senac Votuporanga e TV TEM (afiliada Rede Globo).
PROGRAMAÇÃO FLIV 2014
PALESTRAS E DEBATES – DE 3 A 9 DE AGOSTO
Dia 03 de agosto, domingo
Horário: 17 horas
Local: Escola de Artes – vão livre
A palavra manifesta – com Cristovão Tezza
A palavra está no nosso cotidiano, desde os protestos de rua às declarações de amor, nas conversas irritadas no celular aos sussurros de dois amantes. Nesta palestra, o premiado escritor CristovãoTezza fala sobre a palavra na sua obra.
Cristovão Tezza, um dos mais importantes nomes da prosa brasileira contemporânea, é autor do premiado romance “O Filho Eterno”, já traduzido para diversas línguas, e do recém-lançado “O Professor”, entre outros.
Dia 04 de agosto, segunda-feira
Horário: 19h30
Local: Escola de Artes – vão livre
A palavra afaga e apedreja – com Chacal e Alice Sant’anna
A poesia brasileira dos anos 70 à atualidade, de Waly Salomão, Ana Cristina César e Paulo Leminski às vozes que estão na rua. Esta mesa promove o encontro de duas gerações, com a presença de Chacal, poeta surgido nos anos 1970, e Alice Sant’Anna, uma das vozes de destaque da poesia de hoje.
Chacal é um dos ícones da poesia brasileira dos anos 1970. Pioneiro da poesia marginal, lançando livros mimeografados, é autor de vários livros de poemas, hoje reunidos no volume “Belvedere”. Ele também escreveu “Murundum”, uma coletânea de poemas para jovens. Já Alice Sant’Anna é uma jovem poeta carioca e já se destaca no panorama da poesia brasileira atual. Ela é autora de “Dobradura” (2008), “Pingue-pongue” (uma publicação em coautoria com Armando Freitas Filho, 2012) e “Rabo de Baleia” (2013).
Dia 05 de agosto, terça-feira
Horário: 19h30
Local: Escola de Artes – vão livre
A palavra país – com Luiz Ruffato e Paulo Lins (patrono da Fliv)
A literatura se manifesta com força, crítica e beleza sobre um país à margem. Para falar sobre o retrato do Brasil na literatura contemporânea, esta mesa reúne dois grandes nomes da prosa atual no país, os romancistas Luiz Ruffato e Paulo Lins.
Luiz Ruffato publicou vários livros, entre os quais a pentalogia “Inferno Provisório” e o aclamado “Eles eram muitos cavalos”, que recebeu o prêmio APCA e o Machado de Assis, da Biblioteca Nacional. Ele acaba de publicar o romance “Flores Artificiais”. Paulo Lins é poeta e autor do premiado romance “Cidade de Deus”, que foi levado para as telas pelo cineasta Fernando Meirelles. Seu último romance é “Desde que o samba é samba”. Lançou também o quadrinho “Era uma vez eu”. Como roteirista, ele fez a série de TV “Cidade dos homens”, a minissérie “Subúrbia”, em parceria com Luis Fernando Carvalho, e o longa “Quase dois irmãos”, de Lucia Murat. Lins é opatrono do FLIV deste ano.
Dia 06 de agosto, quarta-feira
Horário: 19h30
Local: Escola de Artes – vão livre
A palavra interior – com Ronaldo Correia de Britto e Antonio Geraldo Figueiredo Ferreira
O interior já não é mais o mesmo, mas ninguém tem saudade da vida besta. Com este mote, os escritores Ronaldo Correia de Britto e Antonio Geraldo Figueiredo Ferreira falam sobre sua literatura e seus personagens, e sobre a tênue fronteira entre o mundo rural e o mundo urbano.
Ronaldo Correia de Britto é contista, romancista e dramaturgo. E também é médico, em Recife, onde mora. É autor do romance “Galileia”, vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura, em 2009. Publicou alguns volumes de contos, como “Faca”. Seu mais recente lançamento é o romance “Estive lá fora”.
Antonio Geraldo Figueiredo Ferreira é uma das grandes surpresas da literatura brasileira. Em 2012, lançou seu primeiro romance, “As visitas que hoje estamos”, Elogiado pelos principais críticos brasileiros. Morador de Arceburgo, interior de Minas, ele também é autor do livro de poemas “Peixe Míngua”. No final deste ano, estreia na literatura infantil, com o livro “O Amor pega feito um bocejo”.
Dia 08 de agosto, sexta-feira
Horário: 17h
Local: Escola de Artes – vão livre
A palavra cidadã – com Ignácio de Loyola Brandão
Há 40 anos, o escritor Ignácio de Loyola Brandão lançava, na Itália, o romance “Zero”, que trata da repressão e do desejo de liberdade. Neste encontro, ele vai falar sobre seu livro e os 50 anos do Golpe Militar, no Brasil.
Ignácio de Loyola Brandão é escritor e jornalista. Considerado um dos mais importantes escritores do país, ele já publicou vários livros, entre romances, contos e crônicas. É autor, entre outros, de “Bebel que a cidade comeu”, “Zero”, “Não verás país nenhum” e “O verde violentou o muro”. Seu mais recente lançamento é o livro de memórias “Solidão no fundo da agulha”, com fotos de Paulo Melo Jr. e um CD com canções interpretadas por sua filha Rita Gullo.
Dia 09 de agosto, sábado
Horário: 19h30
Local: Escola de Artes – vão livre
A palavra projetada – com Fernando Bonassi e Luis Bolognesi
A palavra recriada pelo mundo das imagens, nas telas do cinema e da televisão. Para falar sobre a influência da literatura nos roteiros cinematográficos, esta mesa reúne o escritor e roteirista Fernando Bonassi e o roteirista e diretor de cinema Luiz Bolognesi.
Fernando Bonassi é escritor, dramaturgo e roteirista. Publicou, entre outros livros, “Um Céu de Estrelas”, “Subúrbio”, “Passaporte” e “Prova Contrária”. É também corroteirista dos filmes “Os Matadores” (de Beto Brant), “Através da janela” (de Tata Amaral), “ Castelo Rá Tim Bum” (de CaoHamburguer), e “Estação Carandiru” (de Hector Babenco). Criou e desenvolveu, em parceria com Marçal Aquino, os seriados “Força Tarefa” e “O Caçador”, para a Rede Globo de Televisão. Luiz Bolognesié roteirista e diretor de cinema. É dele o roteiro do filme “Bicho de Sete Cabeças” e “As melhores coisas do mundo”, ambos com direção de Laís Bodanzky. Como diretor, assina a animação “Uma história de amor e fúria”. Seu trabalho mais recente é “Amazônia”, de Thierry Ragobert, e o documentário “Educação.doc”, em parceria com Bodanzky.
4º FESTIVAL LITERÁRIO DE VOTUPORANGA
De 1º a 10 de agosto
Curadoria: Heitor Ferraz Mello