O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta segunda-feira (12) em São Paulo que a declaração de apoio do PMDB ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva significa uma aliança com “objetivos congressuais” bastante claros.
FHC ponderou, no entanto, que o voto no Congresso não é controlado pelos partidos e neste ponto fez uma crítica ao PSDB, do qual é presidente de honra. “Até uma parte da oposição ficou com o governo, para minha tristeza.”
De acordo com ele, esta decisão “foi um erro estratégico”. O ex-presidente participa nesta segunda-feira do seminário “Voto Distrital: A Reforma Política que Interessa ao Brasil”, na Associação Comercial, no Centro da capital.
Hugo Chávez
Durante o seminário, FHC foi questionado pelos jornalistas se Lula poderia atacar os Estados Unidos da mesma forma agressiva que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, faz. Para ele, devido à posição de liderança que o Brasil ocupa na América Latina, isso não seria possível.
“O Hugo Chávez ocupa uma cena da política na América Latina porque pode fazer críticas aos Estados Unidos que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não pode, por conta das responsabilidades que o país exige. O presidente do Brasil não pode ocupar o mesmo espaço que Chávez”, informou FHC.
No plano econômico, disse que a comparação do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em seu primeiro mandato com o crescimento da economia no primeiro mandato de Lula deve levar em conta que o clima mundial nunca foi tão bom quanto no governo petista. “Só não enfrentei crises (internacionais) em 1996 e em 2000. Perdemos tempo”.
Sucessão
A sucessão na Prefeitura de São Paulo em 2008 também foi comentada no encontro. Questionado se o ex-governador do estado Geraldo Alckmin, um dos possíveis cotados, seria um bom nome no partido, FHC não quis polemizar.
“Ele seria um bom candidato, mas não é o único e não sei se gostaria. Isso não está em discussão agora.” No momento da declaração, o ex-presidente estava ao lado do atual prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PFL), que assumiu o posto em 2006, quando o então prefeito José Serra deixou a administração para concorrer ao governo do estado.