sexta-feira, 20 de setembro de 2024
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Fernandópolis nunca vai mudar?

Nesta semana, dois fatos repercutiram em nossa cidade. Os dois, infelizmente, de maneira negativa. Primeiro, o “caso dos panfletos”, onde um texto apócrifo distribuído em vários pontos da cidade fazia…

Nesta semana, dois fatos repercutiram em nossa cidade. Os dois, infelizmente, de maneira negativa. Primeiro, o “caso dos panfletos”, onde um texto apócrifo distribuído em vários pontos da cidade fazia alusões ao vereador Maurilio Saves. No segundo, um desdobramento do “caso FEF”, onde se joga nas costas dos atuais e dos ex-funcionários o poder de decidir a continuidade das atividades da instituição.
O caso dos panfletos é emblemático de uma época que se acreditava não existir mais. Panfletos apócrifos são uma excrescência. Pessoas que se utilizam desse artificio são desprovidas de caráter. Mais ainda, são pessoas de nenhuma índole. Ora, se quiserem falar mal de alguém, que falem! Se têm coragem para divulgar fatos depreciativos de alguém, que o façam sem o manto do anonimato e da covardia. Afinal, não estamos num país livre? Numa democracia, onde a liberdade de expressão é a regra? Se quiserem trazer à tona fatos que tornem uma pessoa indigna do cargo que exerce, que o façam. Contudo, não usem panfletos como instrumento de disseminação de fofocas. Não caluniem, não difamem, não injuriem. Levem ao povo o conhecimento da verdade ou daquilo que há comprovação. É importante dar ao cidadão as ferramentas para que possa ter consciência dos pontos positivos e negativos de seus representantes. Porém, façam isso de maneira limpa e honesta (se bem que seria demais pedir honestidade de quem é desonesto até mesmo em suas próprias atitudes).
A nossa esperança é que o panfleto apócrifo não está isento de ver comprovada a sua origem e o seu autor. Para isso existem as testemunhas, os vídeos, as fotos, as buscas e apreensões. As investigações estão bem adiantadas e vamos esperar que rapidamente sejam identificados os distribuidores do material e por meio deles puxar o “fio da meada” até punir os autores. Por sua vez, não nos esqueçamos que a punição da população deve ser dada através das urnas.
O segundo caso também foi triste e injusto. De acordo com um jornal local e segundo informações extraídas de reuniões que vêm sendo realizadas pela “associação de amigos”, se os ex-funcionários da FEF não aceitarem uma “revisão” nos seus acordos trabalhistas, a instituição ficaria insolvente e “fecharia as portas”.
Como nos filmes de terror, a culpa é sempre do mordomo? Os funcionários da FEF, tanto os atuais quanto os que já se foram, não são (e nunca foram) os culpados pela crise sem fim da instituição. Os culpados não assumem suas responsabilidades. Deram respaldo para que a instituição chegasse a esse ponto crítico. Pese a boa intenção dos atuais administradores, não podem jogar somente nas costas dessas pessoas a responsabilidade pela vida ou morte da instituição. Ao que parece, não há nenhuma luz no fim do túnel, nenhum sinal de mudança na estrutura viciada. Nada de plano de recuperação ou de viabilização da instituição. Não se pode (ao menos não se deveria) colocar a faca no pescoço dos atuais e dos ex-funcionários. Triste isso.
Continua não havendo transparência. A ausência de transparência levou a FEF ao buraco sem fim das dívidas impagáveis. Infelizmente, só temos visto e ouvido manifestações no sentido de que, caso os funcionários e os ex-funcionários não cedam, correm o risco de não receberem aquilo que têm direito. Penso que isso é errado, até porque todos teriam que fazer sacrifícios para ajudar na recuperação da FEF e até o momento a corda tem arrebentado sempre do lado mais fraco. Os salários e os acordos estão sempre atrasados e não há sinal de que isso possa mudar.
Não tenho nenhuma dúvida de que, se for apresentado um plano de recuperação e de viabilização da instituição, os credores serão os primeiros a aderir e certamente até farão concessões.
Não pensem que “somos do contra”, expressão comumente atribuída a quem ousa discordar do pensamento ordinário. É mais que óbvio que todos torcemos para que a instituição se recupere, até porque a FEF é patrimônio da nossa cidade, pese aqueles que tiveram a coragem de alterar seu estatuto com as bênçãos de uma sociedade que disse amém. Aliás, ali foi parido o “bocadecofrismo”, a causa de todos os males da instituição. Penso que já passou da hora de cada um assumir sua responsabilidade. Porém, sem sacrifícios de um só lado!

Henri Dias é advogado em Fernandópolis (henri@adv.oabsp.org.br)

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