Durante entrevista nesta semana a emissoras de rádio da cidade, o diretor do CCZ-Centro de Controle de Zoonoses de Fernandópolis, Mileno castro Tonissi alertou para uma doença que a cada dia cresce mais no município: a leishmaniose.
Até o momento já foram registrados 40 casos da doença em animais, mas nenhum detectado em seres humanos.
Em abril deste ano,na última checagem feita pelo RN, “apenas” oito casos da doença havia sido registrados,ou seja, de lá para cá foram contabilizados mais 32 casos, o que é praticamente um surto.
Nesta semana, a Secretaria Municipal de Saúde desenvolve ações na cidade e no distrito de Brasitânia de Prevenção e Controle da Leishmaniose como parte da “Semana Estadual de Prevenção e Controle da Leishmaniose Visceral Americana”.
Estão sendo realizadas em alguns bairros ações educativas para alunos da rede municipal de ensino fundamental e médio e a coleta de sangue de cães para a realização de sorologia para detecção de anticorpos contra a Leishmaniose.
Amanhã, a coleta será realizada na Praça da Matriz, das 8h às 12h, onde os munícipes também receberão orientações e distribuição de panfletos sobre a Leishmaniose humana e animal.
A doença
A leishmaniose é uma doença crônica, de manifestação cutânea ou visceral (pode-se falar de leishmanioses, no plural), causada por protozoários flagelados do gênero Leishmania, da família dos Trypanosomatidae.
O calazar (leishmaniose visceral)1 e a úlcera de Bauru (leishmaniose tegumentar americana)2 são formas da doença.
É uma zoonose comum ao cão e ao homem.3 É transmitida ao homem pela picada de mosquitos flebotomíneos, que compreendem o gênero Lutzomyia (chamados de “mosquito palha” ou birigui) e Phlebotomus.
No Brasil existem atualmente 6 espécies de Leishmania responsáveis pela doença humana, e mais de 200 espécies de flebotomíneos implicados em sua transmissão.
Trata-se de uma doença que acompanha o homem desde tempos remotos e que tem apresentado, nos últimos 20 anos, um aumento do número de casos e ampliação de sua ocorrência geográfica, sendo encontrada atualmente em todos os Estados brasileiros, sob diferentes perfis epidemiológicos.
Estima-se que, entre 1985 e 2003, ocorreram 523.975 casos autóctones, a sua maior parte nas regiões Nordeste e Norte do Brasil.
Em Portugal existe principalmente a leishmaniose visceral e alguns casos (muito raros) de leishmaniose cutânea.
Esta raridade é relativa, visto que na realidade o que ocorre é uma subnotificação dos casos de leishmaniose cutânea.
Uma razão para esta subnotificação é o fato de a maioria dos casos de leishmaniose cutânea humana serem autolimitados, embora possam demorar até vários meses a resolverem-se.
As leishmania são transmitidas pelos insetos fêmeas dos gêneros Phlebotomus (Velho Mundo) ou Lutzomyia (Novo Mundo).
No início do século XX o médico paraense Gaspar Viana iniciou estudos sobre a leishmaniose, e a ele atribui-se a descoberta dos primeiros tratamentos para a doença.
Essa doença também pode afetar o cão ou a raposa, que são considerados os reservatórios da doença, conforme referido pelo médico sanitarista Thomaz Corrêa Aragão, em 1954.