Com o título “Unicastelo e Vunesp denunciam tentativa de fraude no Vestibular de Medicina”, matéria publicada no dia 8 de novembro de 2014, na edição 2430 do “O Extra.net”, trouxe informações sobre o modus operandi de uma quadrilha especializada em fraudar processos seletivos, principalmente em certames que garantem vaga para faculdades de Medicina em todo o Brasil.
Naquela atuação da DIG, ninguém chegou a ser preso em Fernandópolis, mas a colcha de retalhos começava a ser costurada.
UBERABA
Sete estudantes que prestavam vestibular para Medicina na Universidade de Uberaba (Uniube), foram presos no dia 6 de dezembro de 2014. Todos eles foram encaminhados à Delegacia pelo crime de fraudes em certames de interesse público (art. 311-A do Código Penal Brasileiro). Uma operação foi preparada e desencadeada no Campus Aeroporto da Uniube.
Os delegados Luiz Tortamano e Amanda Milliê da Silva Alves comandaram a operação. Com o apoio da instituição, policiais civis se passaram por fiscais durante a aplicação da prova em Uberaba. Os suspeitos têm idades entre 19 e 30 anos. Eles são de Tabatinga (SP), Aparecida do Taboado (MS), Itápolis (SP), Conceição das Pedras (MG), Umuarama (PR).
ÚLTIMO DOMINGO
A Polícia Civil prendeu 11 pessoas que fraudaram o vestibular de Medicina de um centro universitário de São João da Boa Vista, localizado a 218 quilômetros de São Paulo, próximo ao Estado de Minas Gerais. O flagrante aconteceu pouco antes das 18 horas deste domingo (18). Uma equipe da Central de Polícia Judiciá- ria (CPJ) de São João da Boa Vista organizou a operação após receber informações de que uma quadrilha especializada em fraudar vestibulares agiria durante o processo seletivo do curso superior de Medicina.
Os policiais descobriram que a fraude ocorreria da seguinte forma: “o piloto” do bando resolveria a parte objetiva do vestibular e sairia do prédio após as 17h30. Em seguida, enviaria as respostas por mensagens de texto de celular (SMS) aos candidatos.
No dia da prova, os investigadores se disfarçaram de fiscais para monitorar os envolvidos. Quando chegou o horário marcado, 11 candidatos começaram a agir de maneira suspeita. Alguns pediram para ir ao banheiro, onde foram abordados. Os outros foram revistados apenas ao final da prova.
Os policiais encontraram com os suspeitos telefones celulares, canetas, papéis com transcrição das mensagens de SMS e folhas de respostas da prova. Um dos celulares utilizados na fraude foi encontrado dentro de um preservativo.
INDICIADOS
Entre os presos está a jovem T.Z.M., de 21 anos, filha de um comerciante de Fernandópolis. Foram presos em flagrante os estudantes M.M.C., 18, E.M.B., 19, H.F.P., 19, F.F., 20, A.C.H.N., 21, T.Z.M., 21, C.C.J.L., 24, F.F.B., 18, além das enfermeiras C.R.R., 31, A.P.L.V, 28, e D.R.M.S.I, de 32 anos.
Segundo a Polícia Civil, no momento da abordagem, todos os suspeitos confessaram ter participado da fraude. Porém, na presença de seus advogados, eles não disseram nada sobre o crime.
A Delegacia Seccional de São João da Boa Vista registrou o caso como fraudes em certames de interesse público. Foi arbitrada fiança de R$ 42 mil, mas até a finalização da ocorrência ninguém havia pago o valor. Os potenciais futuros médicos presos são dos Estados de Goiás, Minas Gerais e São Paulo. As 9 mulheres foram levadas para a Cadeia Pública de Águas da Prata, e os 2 homens permaneciam presos em São João da Boa Vista.
INFLACIONADO
Os estudantes que ingressaram no esquema da quadrilha que agiu no vestibular de domingo (18), estavam dispostos a pagamentos vultosos por uma vaga no Centro Universitário. “Sabemos que cada um dos 11 vestibulandos presos pagou R$ 7 mil, antecipadamente, para participar da fraude. Em caso de aprovação, eles deveriam pagar de R$ 35 mil a R$ 100 mil aos criminosos”, afirmou o Delegado Sebastião Antonio Mayriques, da Seccional de São João da Boa Vista.
Em Fernandópolis, o Vestibular da Unicastelo teria vagas vendidas pelo valor de R$ 45 mil.
GABARITO NO CELULAR
Segundo as autoridades, que se infiltraram entre os estudantes à paisana, um membro da quadrilha, destacado pela inteligência, fez a prova e saiu do prédio com o gabarito anotado. “Este membro é chamado piloto e passou as respostas para uma segunda pessoa, que remeteu, através de mensagem de texto de celular, o gabarito para os participantes que estavam nas salas de aula realizando a prova”, explicou.
Como não é permitido utilizar celulares em sala, os vestibulandos optaram por modelos pequenos e os esconderam junto ao corpo, usando estratégias variadas.
Um dos estudantes chegou a usar um absorvente geriátrico, onde colocou o aparelho. Quando as mensagens de texto chegaram, os vestibulandos foram até o banheiro para anotar o gabarito em pequenos papéis e terminaram presos pelos agentes da Polícia Civil que já tinham informações sobre a identidade dos criminosos.
QUADRILHA
As autoridades já têm certeza quanto à existência de uma quadrilha que vinha agindo em vários vestibulares para cursos de Medicina.
De acordo com as investigações, é possível que outras 15 pessoas tenham participado da fraude no último domingo, vestibulandos estes que ainda não foram presos. Os 11 detidos, porém, não responderão pelo crime de formação de quadrilha.
“Eles foram indiciados por fraude em certame de interesse público, conforme o artigo 311, inciso III, do Código Penal”, afirmou Mayriques. Há pelo menos 38 faculdades de todo o país alvos da atuação de grupos criminosos fraudando ou tentando fraudar vestibulares de Medicina.
Segundo a Polícia, em vários vestibulares as instituições deram apoio para impedir que os criminosos tivessem êxito nas fraudes. Até o momento, 69 pessoas foram presas em vários Estados do Brasil e no Distrito Federal, deste total de prisões, 18 foram em Goiás; 16 em Minas Gerais; 5 no Rio de Janeiro; 16 em São Paulo; 4 no Distrito Federal; 4 no Rio Grande do Sul; 3 no Tocantis; 2 no Espírito Santo e 1 no Acre.
João Leonel-Jornal O Extra