sexta-feira, 20 de setembro de 2024
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Fefa! Fefa!

Nasci, cresci e amadureci. Nesse período, vivenciei inúmeras alegrias e tristezas futebolísticas, sem, porém, nunca deixar de ser um apaixonado pelo São Paulo e principalmente pelo Fefecê. Ah, o Fefecê……

Nasci, cresci e amadureci. Nesse período, vivenciei inúmeras alegrias e tristezas futebolísticas, sem, porém, nunca deixar de ser um apaixonado pelo São Paulo e principalmente pelo Fefecê. Ah, o Fefecê…
No final da década de setenta, eu contava os dias e as horas para que o domingo chegasse logo e com ele eu pudesse, na companhia do meu (então jovem) pai, ver desfilar no tapete verde do John Kennedy (era esse o nome do nosso estádio, os mais antigos, naquela época, ainda o chamavam de Amaral Furlan, que era homenagem a um político que teria ajudado a cidade lá pelos anos sessenta) craques como Carlos Silva e Noronha, respaldados por guerreiros do quilate de Donda e Chico Amorim, todos capitaneados pelo mestre Bereco, volante que jogava o fino da bola e hoje comanda a bateria nota 10 da Mocidade Independente de Padre Miguel e desfila sua categoria no sambódromo carioca. Eram tempos do saudoso Ari, do Xisté, etc e tal.
Foi um tempo de alegrias incontáveis, onde nos acotovelávamos nas pequenas e desconfortáveis arquibancadas de madeira para saborear as trocas de passes infindáveis que quase sempre terminavam nos pés do Jorginho, que cruzava na cabeça do Tato, nosso pai herói goleador. Gol e vitória certos, em casa ou fora. O Fefa era um visitante indigesto naqueles tempos
Depois, passamos quase uma década num marasmo só, exceto o período em que tivemos a oportunidade de ver o craque Helênio, que carregava o time rumo as vitórias, com jogadas e gols espetaculares, até sofrer um grave acidente automobilístico que lhe tirou não somente a visão, mas também todo o brilho do Fefa. Até batalha campal aconteceu no Cláudio Rodante, com a torcida da Ponte Preta deixando o Núcleo da CESP feito “terra arrasada”, com pessoas feridas e o policiamento tendo que escoltar os ônibus campineiros para que pudessem sair da cidade. Foram tempos difíceis aqueles, de muita luta e pouco brilho.
Depois, no início da década de noventa, novo alento, quando o esquadrão de sangue azul engrenou a partir da metade da competição e foi passando feito rolo compressor por cima dos adversários, até se sagrar bicampeão da segundona, amparado na segurança e categoria do Dito Siqueira e do Jerônimo, na força do Lico e do Carlinhos Gomes e especialmente na correria do Wagner e nos gols do Helinho, todos comandados pelo Zé Carlos Viriato, treinador estrategista e prata da casa, como se dizia na época. Depois, o Guinha foi brilhar naquele São Caetano que marcou época.
Foi somente um sopro de esperança. Infelizmente, em 1997, fizemos uma campanha desastrosa e fomos rebaixados pela primeira vez. Uma tristeza só, talvez a maior decepção que tivemos com a nossa águia.
Desde então, tenho percebido que minha paixão pelo Fefa está adormecida. Todos os anos, passei a repetir o mesmo ritual: aguardava ansioso a estreia e na companhia do meu agora velho pai, íamos desanimando ao longo dos campeonatos, ajudados pelos times sofríveis que éramos obrigados a ver. Já não era mais um prazer, passou a ser um sacrifício, porque inevitavelmente recorríamos às comparações com os times que tínhamos visto brilhar e aí ficava difícil demais voltar ao estádio. Enquanto isso, vimos a Votuporanguense se firmar como o melhor time da região, disputando bons campeonatos e empolgando a torcida alvinegra, para nossa tristeza.
Enfim, deixemos de história. O ano começou e com ele voltaram as boas notícias. A nossa esperança se renovou. A presença do Muller, o retorno do Maurinho e a chegada do Alex Dias podem até não dar liga, mas sacudiram os apaixonados. Não só os da cidade, mas de toda a região. Há muito tempo não tínhamos tanto destaque na mídia esportiva.
Então, vamos fazer a nossa parte. Eu e meu velho pai continuaremos lá, nas agora espaçosas arquibancadas de concreto, revivendo e reavivando a nossa paixão e torcendo pela “águia de sangue azul”. Não duvidem disso. Vamos juntos, voltar aos áureos tempos. Fefa! Fefa!

Henri Dias é advogado em Fernandópolis (henri@adv.oabsp.org.br)

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