A Fundação Educacional de Fernandópolis promoveu no último domingo, dia 16 de dezembro, a primeira audiência pública do projeto FEF em Ação: Responsabilidade Social e Cidadania. Além da equipe da FEF, participaram da audiência moradores da região do Caic, autoridades, empresários, a prefeita Ana Bim e parte de seu secretariado. O evento aconteceu na Escola Estadual José Belúcio, no Caic.
Na primeira parte da audiência, as professoras Patrícia Moita Kawakame, coordenadora do curso de Enfermagem da FEF, e Vilma Beatriz Oliveira, coordenadora da Psicologia, apresentaram a síntese dos dados levantados pela equipe da Fundação. Foram mostrados gráficos, fotos e vídeos embasando os resultados da pesquisa.
O levantamento de dados na região do Caic envolveu cerca de 70 alunos dos cursos de Enfermagem e Farmácia, que levaram 40 dias para fazer toda a pesquisa com 1.293 famílias nos bairros Conjunto Habitacional Albino Mininelli, Vila Santa Rosa, Cohab Bernardo Pessuto, Conjunto Habitacional Emilio Mininel, Residencial Palma Mininel e Jardim Residencial Benez. Depois, alunos de Enfermagem, Farmácia, Sistema de Informação e Serviço Social trabalharam na tabulação dos dados, sempre orientados por membros do Conselho Gestor do Projeto. Ao todo, aproximadamente cem universitários participaram desta fase de levantamento e tabulação de dados no Caic.
A pesquisa deu ênfase à área de Saúde e, dentre os dados colhidos, houve a maior incidência de doenças como hipertensão arterial, tabagismo, obesidade, diabetes, distúrbio mental, alcoolismo, dislipidemia e anemia. Dentro deste quadro, a equipe da FEF apresentou sugestão de projetos que a instituição poderá desenvolver junto à população para combater essas doenças e evitar aquelas que podem surgir como conseqüência destas.
Os cursos de Enfermagem, Psicologia, Fisioterapia, Serviço Social, Educação Física, Farmácia, Fonoaudiologia, Nutrição, Biomedicina e Terapia Ocupacional fizeram propostas de ações que vão desde as visitas domiciliares para orientação da população quanto à prevenção das doenças detectadas até realização de atividades físicas, exames laboratoriais, fornecimento de medicação e tratamento na Clínica-Escola da FEF.
“Esse trabalho de intervenção na comunidade já começa efetivamente em 2008. Tudo o que estiver ao alcance da equipe da FEF e estiver dentro da área acadêmica, vamos fazer. O que não pudermos realizar no campo acadêmico, será passado ao Ministério Público Estadual, que vai tomar as medidas cabíveis junto a cada órgão responsável”, disse Luiz Vilar de Siqueira, presidente da FEF.
A pesquisa também detectou problemas de saneamento básico e infra-estrutura na região do Caic, incluindo falta do tratamento da água dentro dos domicílios e deposição de lixo e entulhos em áreas públicas que não são destinadas a este fim. Como ação interventora, os cursos de Engenharia de Alimentos e Engenharia Ambiental propuseram ensinar a população a tratar a água em casa e fazer o monitoramento de poços e nascentes na região.
Outro dado salientado na audiência pública foi o analfabetismo. A maior parte dos não alfabetizados é constituída por adultos com idade superior a 45 anos. Como sugestão para a solução deste problema, os cursos de Pedagogia e Jornalismo da Fundação desenvolveram um projeto de ação que visa a alfabetização desta parcela da população com materiais que foquem temas que sejam de interesse do dia-a-dia destas pessoas.
Logo depois da explanação da equipe da FEF, seguiram-se os discursos das autoridades e as manifestações de moradores da região do Caic. Para o promotor Dênis Henrique Silva, curador das Fundações e da Infância e Juventude, este é justamente o objetivo da audiência pública: escutar o silêncio da população, enxergar os problemas que afligem a comunidade.
“A audiência pública é uma missão institucional do Ministério Público. Neste tipo de evento, não há lugar para acusações, mas sim para a discussão de soluções para os problemas detectados”, explica o promotor, acrescentando que há soluções que passam por ações da administração pública, outras que precisam do auxílio do setor privado por meio de projetos de responsabilidade social e outras tantas que só dependem da conscientização da população, como a questão do lixo em lugares impróprios.
Foi inclusive o depósito de lixo no bairro Bernardo Pessuto uma das reclamações feita por Sandra Maria de Paiva Pereira, moradora do Caic há 13 anos. “Queremos a saída desse lixão, que atrai insetos, espalha mau cheiro por todo o bairro e ainda pode causar doenças”, disse. O promotor Dênis Henrique Silva, que também é curador do Meio Ambiente, respondeu que serão tomadas medidas urgentes quanto a esse assunto.
O Projeto FEF em Ação
O FEF em Ação surgiu de uma parceria firmada com o Ministério Público Estadual, por meio do promotor Dênis Henrique Silva, curador das Fundações e da Infância e Juventude. Trata-se de um projeto de extensão à comunidade que vai realizar o diagnóstico comunitário da população de Fernandópolis e região, nas dimensões da saúde, do meio-ambiente e da educação. O Rotary Club de Fernandópolis “Nova Era” e o Grupo Arakaki também são parceiros no projeto.
O objetivo é traçar um perfil das comunidades e indicar se a população tem recebido o devido atendimento público para a garantia da qualidade de vida. Depois de coletados dados por meio do sistema de amostragem, o Ministério Público terá em mãos um perfil da população da região, podendo cobrar do poder público ações que possam corrigir ou melhorar políticas públicas para a garantia da qualidade de vida nas comunidades locais.