Uma família recebeu serragem no lugar do corpo de um natimorto após um parto de emergência em um hospital de Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná. O caso é investigado pela Polícia Civil, que começou a colher depoimentos nesta terça-feira (2).
As imagens foram registradas pela tia quando ela e a avó do bebê, na presença do serviço funerário, abriram um saco branco entregue pelo hospital.
O caso aconteceu no sábado (30). De acordo com a família, a mãe no sexto mês da gestação deixou a cidade de Imbaú para buscar atendimento no município após complicações.
Ela passou por um parto de emergência, mas a pequena Helena já nasceu sem vida.
Por conta do abalo do casal, de 18 e 19 anos, a avó e a tia paterna se responsabilizaram por organizar o sepultamento da criança. Elas foram até o hospital fazer a retirada do corpo do necrotério, mas estranharam o pacote branco totalmente lacrado.
“A gente foi numa salinha do hospital que tinha três bercinhos e um pacote branco. Só que eu não vi nada, achei que só tinha o berço, até achei que o pacote era o travesseirinho do bercinho. Estava o recepcionista e perguntei cadê o bebê. Ele olhou para mim e falou mas você está achando que é grande o bebê?, e apontou com o dedo o pacote, branco, tipo quadrado bem lacrado. Daí eu falei que eu queria pedir para ele abrir o pacote, e ele falou eu não toco. […] Eu estava muito nervosa ainda mais de ver o bebê, não lembro de mais nada”, contou a avó.
Durante todo o tempo, a avó esteve acompanhada da tia paterna de Helena e também de um funcionário do serviço funerário contratado em Imbaú.
Abertura do pacote
No necrotério, a família fez a retirada do saco e seguiu viagem para realizar o sepultamento em Imbaú. Quando chegaram, avó e a tia, junto à funerária, fizeram a abertura do pacote para que a bebê pudesse ser preparada para o sepultamento.
Foi quando a família descobriu que o corpo do bebê não estava lá.
“Quando meu cunhado saiu da funerária foi esse tempo que minha sogra falou vamos aproveitar e ver. A gente queria ver o rostinho. Queria ter aquele adeus com ela. Aí a gente pediu para ele estar abrindo lá, foi a parte que eu gravei. Só tinha serragem, não tinha o corpo da minha sobrinha, tinha papel de bala, era lixo, não é humano isso”, desabafou a tia Julie Glufka.
O hospital foi acionado por telefone e, depois de algum tempo, a família foi informada que Helena continuava na instituição. Tia e avó retornaram a Ponta Grossa. A Polícia Militar foi acionada e acompanhou o processo de retirada do corpo do local.
Por nota, a Unimed, responsável pelo hospital, afirmou que “equivocadamente o corpo da recém-nascida não foi retirado do necrotério e permaneceu lá até o fim da tarde” do mesmo dia. Disse ainda que se compadece da dor da família e que presta esclarecimentos à polícia.
Helena foi sepultada ainda na noite de sábado.
Investigação
Nesta terça, a Polícia Civil começou a ouvir testemunhas e familiares no inquérito aberto para apurar o caso. A tia, a avó e também o serviço funerário já prestaram depoimento.
De acordo com o delegado, durante a tarde, a polícia vai ouvir também representantes do Hospital Geral da Unimed sobre o caso.
A Polícia Civil afirmou que não vai se pronunciar até que toda a apuração seja feita.