domingo, 22 de setembro de 2024
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Família de estudante morto por PM emite nota discordando de pena

A família do estudante Diogo Belentani, 21 anos, morto em julho de 2017 com um tiro no peito, em uma chácara da rua Baguaçu pertencente a familiares do ex-policial militar…

A família do estudante Diogo Belentani, 21 anos, morto em julho de 2017 com um tiro no peito, em uma chácara da rua Baguaçu pertencente a familiares do ex-policial militar Vinícius Coradim Alcântara, 23 anos, julgado nesta quarta-feira (07), no Fórum de Araçatuba, como responsável pelo crime, publicou no Facebook, no final da tarde desta quinta-feira (08), uma nota se manifestando sobre o resultado do júri popular, que durou mais de 13 horas e que terminou com a condenação do réu a uma pena de 9 anos e 6 meses de prisão em regime semiaberto.

A manifestação da família, postada na página do irmão de Diogo, o advogado Rodolfo Paccagnella Belentani, demonstra desapontamento com o resultado do julgamento, em especial pelo fato de o júri, formado por sete pessoas, ter desqualificado a principal acusação formalizada pelo Ministério Público contra Vinícius Coradim. No entendimento dos julgadores, o tiro que matou Belentani, disparado pelo ex-policial militar, não foi intencional.

Com a desqualificação, o réu passou a responder por homicídio culposo – quando não há intenção de matar – e não mais doloso – quando há intenção de matar –, como indicavam as investigações da Polícia Civil e a denúncia formalizada pelo promotor criminal Adelmo Pinho.

Essa reviravolta, conforme a própria defesa do ex-policial, fez com que ele se livrasse de uma punição de pelo menos 15 anos, somente por conta do tiro que matou o estudante, de quem era amigo. O réu acabou sendo condenado por homicídio culposo, disparo aleatório de arma de fogo e fraude processual. Frustrando as expectativas de familiares da vítima e do próprio MP, de que a condenação poderia chegar até 38 anos de reclusão.

Com base na decisão do júri, às 23h37 de quarta-feira, o juiz da 1ª Vara de Execuções Criminais, Henrique de Castilho Jacinto, proferiu a sentença condenando o réu a 4 anos de prisão pelo homicídio culposo; mais um ano por fraude processual, uma vez que Vinícius Coradim colocou sua arma funcional na mão da vítima, antes que a mesma recebesse qualquer tipo de socorro, tentando induzir que ela teria se suicidado; e mais 4 anos e 6 meses por um disparo aleatório dado no dia do crime, porém em horário anterior à morte do estudante.

Na manifestação publicada nesta quinta-feira, a família de Diogo Belentani diz respeitar o resultado do júri popular, porém sem concordar com o mesmo. A expectativa era de que o réu fosse condenado a pena maior, que o mantivesse encarcerado por mais tempo.

A família destaca que, por conta da progressão de penas vigente no país, Vinícius Coradim estará de volta às ruas em pouco tempo, o classificando como uma pessoa de personalidade agressiva e perigosa.

LEIA A ÍNTEGRA DA NOTA PUBLICADA PELA FAMÍLIA DE DIOGO:

Respeitamos o resultado emanado do Tribunal do Júri, pois este é soberano. Entretanto, não o comemoramos nem concordamos com ele.

No nosso entendimento (bem como o da Polícia Civil e do Ministério Público), o que houve no dia 15 de julho de 2017 não foi um acidente como a defesa pregou veemente em seus debates, com cenas teatrais e distorção da realidade, mas sim um assassinato a sangue frio, cometido por um indivíduo incapaz de demonstrar qualquer arrependimento por seu ato.

A atitude explosiva do réu, que tirou a vida de Diogo Belentani, não foi um comportamento único e isolado, mas sim recorrente, como todas as provas dos autos, inclusive vídeos, demonstraram.

Os jurados acreditam que fizeram justiça ao desclassificar o crime de homicídio doloso para culposo e ao ouvirem que a pena do réu será de 9 anos e 6 meses – já fixada no regime semiaberto.

Porém, esqueceram-se que, com a progressão de pena, em pouquíssimo tempo o réu estará novamente nas ruas, com sua personalidade agressiva e perigosa (o que inclusive elevou sua pena além do máximo no crime de homicídio culposo) e suas recorrentes e temerosas explosões de raiva.

Tanto é verdade que em breve o réu estará livre que sua família, sempre desrespeitosa com a dor da família da vítima, comemorou com gritos e aplausos quando o advogado do réu, numa postura extremamente antiética, vociferou que os jurados desclassificaram o crime de homicídio doloso para a modalidade culposa, antes do juiz proferir o resultado.

Agradecemos profundamente àqueles que respeitam e compartilham nossa dor, e se mantiveram ao nosso lado o tempo todo. Agradecemos também ao Ministério Público, que lutou para trazer Justiça ao caso, trabalhando de forma ética e sempre respeitando a lei. Perder Diogo é uma dor imensurável. A maior perda, no entanto, será enfrentada pela sociedade, ao punir da forma mais branda possível um assassino que, para o nosso temor, muito em breve, estará nas ruas.

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