O telefone toca no meio da madrugada. Do outro lado da linha, uma pessoa se passa por um membro da família e chora de forma desesperada pedindo socorro. Uma segunda voz exige dinheiro para o resgate, anunciando o seqüestro. Essa é a principal tática utilizada pelos criminosos que aplicam o ‘Golpe do Seqüestro’, crime que tem aumentado consideravelmente em Catanduva.
A narrativa acima ocorreu com familiares de Joana (nome fictício), que mora em um bairro de classe média na cidade. Em alguns casos, os falsários estudam os hábitos das futuras vítimas.
“A frieza dos bandidos que nos ligou impressiona. Ligaram para o meu sogro por volta da meia-noite, falaram o nome do seu filho e disseram que ele estaria à beira de um viaduto. Caso o dinheiro do resgate não fosse pago, ele seria empurrado”, falou a parente da vítima.
Durante a ação, um dos bandidos simulou estar chorando copiosamente. “A tática do choro é comum, já que a mudança do timbre de voz confunde. Aliado ao desespero da vítima, a pessoa vira presa fácil para a ação dos bandidos”, explicou o advogado criminalista Paulo Murilo Galvão.
“Assim que meu sogro saísse de casa para realizar a suposta entrega do dinheiro, com certeza os bandidos iriam abordá-lo. Ele desligou o telefone na hora e ligou para seu filho para saber se estava tudo bem. Minha família viveu momentos de pavor”, relatou Joana.
Anteontem, a dona-de-casa M. A. M. D. F., de 64 anos, recebeu uma ligação em seu celular, durante o dia, dando conta que seu filho que morava em Campinas estaria sendo seqüestrado e, para sua libertação, seria necessário o depósito de R$ 10 mil em um banco. “Quando a pessoa perceber que se trata de um golpe de falso seqüestro, deve começar a questionar o bandido sobre características da vítima que não são mais difíceis de ser perceptíveis”, explicou o delegado criminalista.
Golpe pode render de 4 a 10 anos de prisão
O crime de extorsão pode acarretar, para quem o comete, um período que pode varia de 4 até 10 anos de prisão. A extorsão fica caracterizada em função do tom ameaçador utilizado pelo agressor. “É diferente do estelionato, onde a vítima é ludibriada de forma convincente, sem que seja necessária a utilização de agressões verbais”, explicou o criminalista Paulo Murilo Galvão. No caso de estelionatários, a pena cai pela metade. O advogado diz ser extremamente importante o contato com a polícia para a solução do caso. “Após o ocorrido, é importante que a vítima entre em contato o mais rápido possível com a polícia”, finalizou.