Morando em São José do Rio Preto e vivendo uma vida aparentemente normal, a falsa médica de Ibirá escondia um passado criminoso e que fez dívidas de mais de R$ 120 mil com talões de cheques falsificados.
Mãe de duas filhas e esposa de um bombeiro, Kelly Regiane Queiroz, de 41 anos, levantava todas as manhãs e seguia seu caminho normalmente para dar plantões na cidade vizinha, onde não tinha dinheiro nem para pagar um salgado.
O relato é de profissionais da saúde que trabalhavam com a falsa médica que usava o número de um CRM furtado. “A gente não sabia o que ela fazia com o dinheiro que ganhava, pois médico ganha consideravelmente bem. Eu presenciei ela pedindo R$ 500 emprestados a um médico aqui do hospital e estava devendo até na padaria que ela comprava os lanches”, diz uma profissional da Santa Casa que não quer ser identificada.
Desde fevereiro deste ano, Kelly é investigada pela polícia de Rio Preto pelo crime de estelionato, porque emitiu R$ 30 mil em cheques sem fundo para pagamento da internação da mãe em uma clínica geriátrica da cidade. Neste inquérito, a suspeita aparece com o nome Kelly Regina Ramos Queiroz e fornece como endereço o condomínio onde morava com a família.
O estrago começou a ser feito quando a estelionatária abriu uma conta bancária em uma agência do banco Santander que funciona dentro do Hospital de Base. Para conseguir cheques e cartões, ela utilizou os documentos da dermatologista de São Paulo, Kelly Queiroz Cardoso, que teve os documentos roubados em fevereiro deste ano.
A conta foi aberta em setembro de 2016 e, conforme apurado pela polícia, a mulher teria emitido R$ 120 mil em cheques sem fundo. Presa desde o dia 23/10, a suspeita foi transferida na última quarta-feira, (25/10), para a penitenciária feminina de Pirajuí (SP).
O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), abriu sindicância para apurar o caso e disse que repudia o exercício ilegal da profissão e reforça o alerta para os cuidados necessários na contratação de profissionais, principalmente, diante de um quadro sistemático de gestões públicas que buscam economizar financeiramente, e acabam incorrendo em riscos de ilicitudes.
“O Cremesp continuará denunciando e combatendo o exercício ilegal da Medicina, bem como a precarização das relações de trabalho praticadas por gestores públicos”, diz trecho da nota.