Quando chegou a São Petersburgo no fim da noite de quarta-feira, Fagner seria apenas mais um jogador a compor o banco de reservas da seleção brasileira no importante duelo com a Costa Rica, pela segunda rodada do Grupo E da Copa do Mundo.
Mas, em 24 horas, tudo mudou. O titular da lateral direita do time nacional, Danilo, sofreu lesão no quadril direito em treinamento na Arena Zenit e o corintiano teve de superar uma inatividade de cerca de três meses sem atuar logo em uma das mais importantes partidas da sua carreira.
Fagner não jogava desde 29 de abril, quando sofreu lesão na coxa direita durante derrota da sua equipe para o Atlético-MG pelo Campeonato Brasileiro, mas ainda assim foi convocado por Tite para a Copa, mesmo não participando dos amistosos de preparação para o torneio e nem da estreia na Rússia.
Entretanto, o lateral exibiu atuação discreta e segura no triunfo por 2 a 0 sobre a Costa Rica, não tendo muito trabalho para conter os atacantes adversários e também crescendo de produção na etapa final, quando fez alguns cruzamentos perigosos.
Como ainda não há uma previsão sobre quando Danilo poderá voltar a ser aproveitado por Tite, Fagner deve ser mantido entre os titulares na quarta-feira, quando o Brasil vai enfrentar a Sérvia, em Moscou, precisando de um empate para avançar às oitavas de final da Copa.
O lateral-direito revelou que passou horas de ansiedade e pouco sono antes do confronto com a Costa Rica, mas exibiu satisfação com o seu desempenho em campo, além de prometer evoluir caso continue sendo aproveitado. Além disso, revelou que guardará a camisa do jogo em lugar especial e rejeitou a avaliação de que a seleção concentre excessivamente o seu jogo no lado direito do ataque.
A reportagem do Estado colheu essas e outras respostas de Fagner durante momentos diferentes da zona mista reservada para as entrevistas dos jogadores após a partida em que a seleção enfrentou a Costa Rica na sexta-feira. Confira o que ele falou:
Como foram as horas entre a confirmação de que o Danilo não poderia jogar e as que antecederam a sua entrada em campo?
O professor (Tite) bateu no meu quarto e me comunicou, pedindo para eu descansar bem. Óbvio que gerou uma ansiedade poder estrear em uma Copa do Mundo. Comuniquei minha família, por tudo o que eles passaram comigo. Tentei relaxar o máximo possível, mas é difícil. Quando entrei em campo, procurei fazer o que faço no clube, para apresentar um bom futebol e ajudar a seleção.
Você conversou com o Danilo após a revelação da lesão no quadril dele?
A gente se cumprimentou e ele me desejou sorte. Espero que ele se recupere logo. É uma situação muito difícil para o atleta sofrer lesão. Espero que o quanto antes ele esteja conosco para ajudar a equipe dentro de campo.
Como foi a conversa com o Tite e seus familiares sobre a sua escalação?
Para dormir, foi difícil. Tentei me desligar do mundo exterior para relaxar. Pensei até em não contar para a minha esposa, porque aí ela também não ia dormir. Mas conversei com ela, extravasei a informação. E todo mundo ficou firme e forte lá em casa torcendo.
Qual a avaliação do seu jogo de estreia na Copa do Mundo? Gostou da sua atuação?
Fiquei satisfeito pelo meu desempenho e pelo resultado. Há três meses eu não fazia um jogo completo, então estou muito feliz. Me preparei muito para chegar neste momento e bem.
Após três meses sem atuar, você se sentiu bem no jogo? Você sentiu a inatividade?
Pelo modo como treinamos, com intensidade e alto nível, acredito que me senti muito bem no jogo. Não saí extenuado. Estou feliz com tudo que aconteceu. Claro que fiquei cansado. Acredito que vou melhorando fisicamente e tecnicamente a cada jogo. Eu, como sou um cara bem chato, procuro sempre evoluir. A tendência é que eu melhore.
Você acha que a sua atuação contra a Costa Rica vai diminuir a desconfiança sobre o seu potencial para defender a Seleção?
Desconfiança existe, mas é nessa hora que preciso mostrar força, fazer meu trabalho e demonstrar confiança. Nunca deixei de acreditar no meu trabalho, sempre me preparei. Estava treinando forte para ajudar a seleção, então fico feliz com o que aconteceu, pela maneira como o jogo se desenvolveu e a seleção conquistou a vitória.
O fato de o Brasil marcar os gols da vitória apenas nos acréscimos do segundo tempo mostra um time concentrado na busca pelo objetivo mesmo sob adversidade?
A gente criou inúmeras chances de gol. Vai ter dia em que se você não se desesperar, vai fazer o gol no fim do jogo. O gol pode sair no primeiro minuto ou no último. A gente precisa ter tranquilidade para continuar criando e finalizando no gol. Fomos felizes e fizemos os gols no final.
Vocês jogadores brincaram com o Tite sobre a queda dele na comemoração do primeiro gol do Brasil contra a Costa Rica?
Acaba sendo um pouco divertido pelo que aconteceu. Na hora ali, comemorando o gol, ainda mais pela maneira que foi, você não tem como controlar a euforia. Deixa as brincadeiras internas mesmas, assim fica melhor.
O lado esquerdo é considerado o mais forte da Seleção, enquanto a equipe pouco tem criado pela direita. Como melhorar isso?
É situação de jogo. Alguns jogos vão se resolver pela esquerda, outros pela direita e outros de um modo mais central. Isso é muito da criação e das brechas que o adversário dá. Você acaba se adaptando às situações de jogo.
Você pretende guardar a camisa do jogo com a Costa Rica, fazer algo especial com ela?
Foi meu primeiro jogo em Copa do Mundo, então é um orgulho muito grande representar o meu país, ainda mais com a vitória. Essa eu vou pegar autógrafo de todo mundo e colocar em um quadro.