sábado, 23 de novembro de 2024
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Extintor de incêndio cai em pé de criança e decepa dedos após esbarrão

A queda do extintor de incêndio sobre o pé do bebê de 1 ano e 1 mês que teve dois dedos decepados em uma creche em Santos, no litoral de…

A queda do extintor de incêndio sobre o pé do bebê de 1 ano e 1 mês que teve dois dedos decepados em uma creche em Santos, no litoral de São Paulo, aconteceu após uma funcionária do local esbarrar no objeto. Conforme apurado pelo g1 neste sábado (22), a mulher relatou a situação à Polícia Civil.

O caso aconteceu em uma creche assistencial no Morro do São Bento. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP), a funcionária contou ter esbarrado no extintor – que estava preso em uma parede – antes dele cair sobre a criança.

Ao g1, a mãe de Pedro Santos, a atendente Daniela Lima, de 26 anos, contou que as professoras da creche chegaram ao hospital com um saco de gelo e os dedos do filho dentro – o menino segue internado.

Entenda o caso
A mãe da criança contou ter deixado o filho na creche Tia Edna, por volta das 7h10 da última terça-feira (18), e que na sequência deixou também a filha na escola ao lado. Porém, ela relatou ter sido surpreendida com uma ligação após aproximadamente meia hora. Ela foi informada sobre Pedro ter sofrido um acidente e, depois, encaminhado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

“Acordei meu marido e, quando a gente estava saindo de casa, ligaram falando que ele [Pedro] foi para a Santa Casa. Não imaginava a gravidade do caso. Quando cheguei [ao hospital] vi o desespero do meu filho. Eu não assimilei nada”, disse.

Daniela lembrou ter sido informada sobre o ocorrido por um médico, assim que o filho foi levado para cirurgia. O profissional contou que um extintor despencou da parede e atingiu o pé de Pedro, que estava engatinhando. “Arrancou [o dedo], teve dois dedos amputados e o do meio prejudicado. Na sala do berçário tinham dois extintores em uma distância mínima do tatame onde eles ficam brincando”.

A mãe disse que o acidente foi tão grave que dava para ver o osso do pé de Pedro. “O médico ortopedista explicou que meu filho vai ficar internado por tempo indeterminado até a cicatrização do pé. Não tem previsão de alta porque corre risco de pegar infecção, necrosar, [então] vai passar por outra limpeza cirúrgica”.

“Graças a Deus meu filho está vivo. O ortopedista falou que, se fosse na cabeça, estaria morto porque teria esmagado a cabeça dele”, afirmou.

“Justiça vai ser feita”
De acordo com a mãe, a escola se solidarizou e ofereceu ajuda. “Eles poderiam ter evitado isso antes. Nada do que eles ajudarem, falarem, prestarem alguma solidariedade vai apagar meu dano psicológico, [não] vai apagar o dano físico do meu filho, o sofrimento e tudo que estou vivendo nesse momento”.

“Foi meu filho, mas poderia ser o de outra pessoa. Meu filho está vivo, mas poderia estar morto. Deixei ele perfeito e encontrei ele em uma cama do hospital, sem os dedos do pé e passando por uma situação difícil. […] as providências a gente vai procurar tomar, [mas] valor nenhum no mundo vai ressarcir, suprir e apagar tudo que nos causou”, disse.

Ao g1, o jornalista e pai de Pedro, Kleber Santos, de 42 anos, disse que enquanto o filho estiver internado a maior preocupação será com a criança, mas que as responsáveis pela creche já estão cientes de que a Justiça vai ser feita.

“Indenização vai ter que ser dada. Não sei qual valor, mas qualquer valor que seja dado não vai por os dedos de volta no pé do meu filho. É uma marca que toda vez que eu olhar para o pé dele vou me lembrar. É uma marca eterna. A prioridade é meu filho, mas falei para ela [dona da creche] que isso não vai ficar impune, que foi negligência”, disse ele.

Extintores retirados
Após o acidente, Kleber foi até a creche buscar os objetos do filho na escola e verificou a posição em que os extintores estavam. “Sou leigo [no assunto], mas em uma sala de aula que só tem bebês era ponto [poderia] ocorrer um homicídio ali”.

Em depoimento à polícia, o pai relatou como estava o local do acidente e somente após isso foi solicitada uma perícia na creche.

“Se o próprio Corpo de Bombeiros tinha dado um lado que o extintor tinha que ficar ali, hoje todas as salas [estão] sem nenhum extintor mais. Ou ela [dona da creche] tirou por conta própria ou foi orientada. Precisou acontecer isso com meu filho para que fossem retirados”.

O que diz a escola
Em nota, a gestora da creche Edna Souza lamentou o ocorrido. “Sentimentos muito a dor da criança e de seus familiares. Justamente um equipamento de segurança, inserido na escola para resguardar vidas, nos pregou a triste peça”.

Segundo ela, o Instituto Professora Edna Souza, responsável pelo Núcleo de Recreação Infantil e Creche Tia Edna, atua no Morro do São Bento há 25 anos e jamais houve incidentes de quaisquer naturezas. “Somos uma entidade assistencial que visa cuidar, amar e educar crianças de 1 ano aos 4 anos e 11 meses”.

De acordo com Edna, a unidade tem laudos Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), certificados de habilitação de funcionamento.

Prefeitura
Em nota, a Prefeitura de Santos esclareceu que a creche Tia Edna é uma entidade privada, que é subvencionada pelo município para atender alunos da educação infantil.

De acordo com a administração municipal, a secretaria municipal de Educação está acompanhando o caso junto à direção da creche, que garantiu o atendimento da criança e está com autorização válida para o funcionamento.

Por fim, a prefeitura disse que a fiscalização acerca dos extintores de incêndio é de responsabilidade do Corpo de Bombeiros. A corporação, no entanto, disse que é dever da administração municipal fiscalizar, pois eles apenas emitem o laudo da vistoria.

O g1 entrou em contato com a Santa Casa de Santos, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

O que diz a SSP-SP
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Estado de São Paulo (SSP-SP) disse que uma criança de 1 ano ficou ferida em um acidente, ocorrido na última terça-feira (18), em uma creche, no Morro de São Bento, em Santos.

O caso foi registrado como lesão corporal no 1° Distrito Policial (DP) de Santos. A responsável pelo menor foi orientada quanto ao prazo para representação criminal, por se tratar de crime de ação penal condicionada.

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