Juan Carlos, ex-rei da Espanha, tomou injeção com bloqueadores de testosterona para “diminuir a sua libido”, afirmou um ex-chefe de polícia local.
O ex-comissário da polícia José Manuel Villarejo, de 70 anos, declarou que exilado Juan Carlos, de 83, casado com a rainha Sofia, recebeu hormônios femininos porque seu grande apetite sexual era considerado um “perigo para o Estado”.
Villarejo, que está sendo julgado por chantagem e corrupção, disse em uma audiência parlamentar que o ex-chefe do Centro Nacional de Inteligência Félix Sanz Roldán estava por trás da medida, informou o “Times”.
Ele disse que Juan Carlos havia recebido uma injeção de “hormônios femininos e inibidores de testosterona para diminuir sua libido porque se entendia que era um problema para o Estado de que ele era uma pessoa tão ardentemente apaixonada”.
Villarejo acrescentou que não estava envolvido na injeção de hormônios no ex-rei e que foi informado da trama pela ex-amante de Juan Carlos, a empresária alemã Corinna Larsen.
Corinna, que teve um caso de ao menos cinco anos (2004 a 2009, segundo ela disse à BBC) com o ex-rei, foi gravada dizendo que o então monarca tinha recebido “muitos hormônios femininos para tirar suas forças”.
Na gravação, de 2016, ela disse:
“Eles tiraram tudo dele, ele não podia estar com uma mulher nem nada.”
A mulher acrescentou que um médico francês verificou as alegações.
Juan Carlos foi Rei da Espanha de 1975 até sua abdicação, em 2014, quando passou a ser referido como “rei emérito”, mantendo assim seus títulos, honras e tratamento real.
Em março de 2020, a procuradoria anticorrupção de Espanha fez um pedido formal ao Ministério Público suíço para investigar uma doação de 65 milhões de euros a uma conta bancária na Suíça em nome de Corinna e oriunda de uma fundação no Panamá. O pedido de informações surge na sequência de as autoridades judiciais terem realizado um pedido semelhante a Madri. Corinna afirmou que o dinheiro que recebeu do ex-rei de Espanha em 2012 foi um presente por amor e por gratidão. Espanhóis e suíços suspeitam que a fonte do dinheiro é a Arábia Saudita e está relacionado com um alegado crime de suborno na construção da linha ferroviária de alta velocidade que liga Meca a Medina.
Como rei emérito, Juan Carlos perdeu a imunidade. No entanto, continua a ter imunidade em relação aos anos do seu reinado. Em 3 de agosto de 2020, inesperadamente, a Casa Real anunciou através de um comunicado que o rei João Carlos havia deixado a Espanha para proteger a instituição. Uma carta do ex-rei foi divulgada, onde se lia: “devido a repercussão pública que estão gerando certos acontecimentos passados da minha vida privada (…) comunico minha imediata decisão de transferir-me para fora da Espanha”.
Em agosto de 2020, a Casa Real anunciou que Juan Carlos se encontra exilado nos Emirados Árabes Unidos.
Perseguição
O Tribunal Superior de Justiça do Reino Unido tornou pública uma ação civil pelo crime de perseguição movida pelos advogados de Corinna contra Juan Carlos. A queixa foi apresentada em dezembro de 2020 e, segundo fontes jurídicas, o rei emérito conhecia havia meses o texto do processo movido por sua ex-amante. Na ação, a alemã pede uma ordem judicial que impeça Juan Carlos de se comunicar com ela, de segui-la, de difamá-la e de chegar a uma distância inferior a 150 metros dela.
Corinna Larsen conheceu Juan Carlos em 2004, durante uma caçada em La Garganta, uma propriedade do duque de Westminster em Ciudad Real, de acordo com o jornal “El País”. Usava ainda o seu nome de casada, Corinna zu Sayn-Wittgenstein, apesar de já estar separada do seu segundo marido, o príncipe alemão Casimir (o primeiro marido fora o empresário britânico Philip Adkins). Só perderia o sobrenome e o título de princesa quando Casimir voltou a casar, em 2019, com uma modelo de 28 anos.
Após o rompimento com Juan Carlos, Corinna teria tentado retomar o relacionamento. Ela também disse que o ex-rei teve outros casos extraconjugais e que um deles teria sido o motivo da ruptura entre os dois.
“Fiquei devastada, porque não esperava”, disse ela à BBC, referindo-se ao fato de Juan Carlos manter outro relacionamento, além do que tinha com ela e a esposa.
Há também relatos de que a alemã estaria pressionando o rei para se tornar rainha da Espanha.
“Ele estava disposto a tudo para iniciar uma nova vida com ela”, escreveu o “El País” em agosto de 2020.