Ex-craques da seleção brasileira querem criar uma espécie de conselho para representar a CBF e fortalecer o papel da entidade nos debates dentro da própria Fifa.
Com exclusividade ao jornal O Estado de S.Paulo, o ex-jogador Roberto Carlos, campeão do mundo em 2002, revelou o plano e indicou que o conselho de “notáveis” poderia ser formado com Ronaldo, Cafu e Bebeto, além do próprio ex-lateral-esquerdo.
Outra opção ainda seria a de estender o convite e tentar incluir Romário, uma das vozes mais críticas contra a gestão do futebol brasileiro e atualmente senador. “Vamos fazer essa proposta ao presidente da CBF Rogério Caboclo, que assume somente em abril de 2019”, revelou Roberto Carlos. “Nossa ideia é de que isso seja criado antes do fim do ano”.
“Não seria algo para intervir nem no trabalho do presidente da CBF nem para ter ingerência no trabalho do treinador da seleção”, esclareceu o ex-lateral-esquerdo. “O trabalho seria o de fazer meio-campo, representar a CBF e falar por ela”.
Em sua avaliação, isso poderia ter um impacto positivo até mesmo dentro da Fifa, onde esses jogadores já atuam dentro de um programa de “lendas do futebol” criado pelo presidente da entidade, o suíço Gianni Infantino. “Hoje, de certa forma, somos os representantes do Brasil na Fifa”, disse Roberto Carlos.
Oficialmente, o representante da CBF na Fifa é Fernando Sarney, vice-presidente da CBF. Mas os ex-jogadores acreditam que podem ajudar. O ex-lateral-esquerdo deu o exemplo de seu papel também como conselheiro no Real Madrid, auxiliando o clube até mesmo para explicar à imprensa a saída do português Cristiano Ronaldo. Outro time que conta com uma estrutura parecida é o Manchester United. “Isso tem funcionado e acho que seria positivo para a CBF e para a seleção”, disse o pentacampeão mundial.
Bebeto também confirmou à reportagem a iniciativa, garantindo que estará pronto para ajudar se as portas forem abertas. “Vamos apresentar a ideia e esperamos que possamos contribuir”, comentou. Segundo ele, a CBF precisa manter seu projeto com o técnico Tite e fortalecer a sua gestão.
QUESTIONAMENTOS – Rogério Caboclo assume a CBF somente em 2019. Mas a sua eleição é ainda alvo de questionamentos na Justiça. Até lá, quem está oficialmente no comando é o coronel Antonio Nunes. Nas últimas semanas, a direção da entidade brasileira foi questionada diante da suposta fragilidade em pressionar a Fifa e levar as suas questões adiante, principalmente durante a Copa do Mundo, com temas como as faltas sobre Neymar e mesmo a utilização do VAR (árbitro de vídeo, na sigla em inglês) em lances polêmicos.
Um conselho formado por esses jogadores, portanto, poderia, em teoria, facilitar o trânsito de informação na Fifa. Nem todos na CBF concordam que ela tenha perdido influência dentro da entidade máxima do futebol. O que perdeu, dizem, foi a capacidade de pressionar árbitros e membros na escolha das chaves, por exemplo. “Não há mais espaço para isso”, disse fonte da Fifa.