Presidente
Depois de uma saída que parecia improvável do PT, em 2018, após 25 anos de militância na legenda, João Paulo Rillo, ex-deputado estadual por dois mandatos e hoje vereador na Câmara de Rio Preto, foi escolhido neste domingo (12) presidente estadual do PSOL. É a primeira vez que um nome fora da Capital assume o comando do partido no Estado.
Oficial
A oficialização do nome do rio-pretense ocorreu no congresso Eetadual do partido, em São Paulo, no qual Guilherme Boulos também foi oficializado como pré-candidato da legenda ao Palácio dos Bandeirantes.
Teses
Pela dinâmica de formação de comando dentro do PSOL, cada grupo disposto a concorrer apresenta suas teses aos delegados com direito a voto. O grupo com a tese vitoriosa tem o direito de fazer a indicação do nome a presidente, que foi o caso de Rillo. Foram três teses apresentadas neste domingo. Rillo compõe o grupo do qual Boulos também faz parte.
Desafio 1
O grande desafio do rio-pretense, agora, é aparar arestas entre o PSOL, uma espécie de costela do PT, com os próprios petistas. Sua saída do PT ainda hoje parece que não foi bem digerida pela direção da antiga legenda. E o partido de Lula também vem se mostrando inflexível na hora de ceder espaço para viabilizar frentes amplas de esquerda ou de oposição.
Desafio 2
Foi o que aconteceu, por exemplo, nas eleições municipais da cidade de São Paulo e em Rio Preto, em que o PT preferiu ter nome próprio a compor com candidaturas do PSOL, então mais consolidadas junto ao eleitorado.
Desafio 3
Como desta vez, tanto PT com Fernando Haddad, como PSOL com Guilherme Boulos contam com recall inequívoco das urnas em 2018 (disputa presidencial) e 2020 (briga da Capital), respectivamente, o que sinaliza para uma união muito pouco provável no primeiro turno da disputa pelo palácio dos Bandeirantes.
União
Em seu pronunciamento já como presidente estadual do PSOL, João Paulo Rillo fala do quanto o antipetismo entre os psolistas tornaram ainda mais complexa sua travessia dele para a nova legenda. Mas defende que a “conjuntura mudou”. “Uma fissura institucional transformou a realidade objetiva e o PSOL soube fazer a leitura e mudar a narrativa central de sua construção”, afirmou.
Bandeiras
O rio-pretense falou ainda do objetivo da legenda de consolidar suas lutas ideológicas. “Mais uma vez, conjugaremos a disputa institucional com a construção da base partidária e dos mais diversos e contemporâneos movimentos sociais (MTST). A luta feminista, antifascista e anti-homofóbica encontrou no PSOL um esteio sólido e verdadeiro. E é na luta de classes que todas essas bandeiras se encontram.
Leia abaixo íntegra da fala de João Paulo Rillo:
“Por um partido cada vez mais popular!
Sempre fui ortodoxo em relação à permanência em um partido político. É certo que, por mais fortes e duradouros que sejam, os partidos são o meio e não o fim de nossas causas. São instrumentos da construção de vontades coletivas, de transformações sociais, políticas e culturais. Sendo assim, podem enferrujar, envelhecer, perder potência e até ficarem obsoletos em seus ideais de origem. No entanto, venho da tradição de contemplar e observar admirado os velhos militantes comunistas que passam uma vida inteira em um único partido. E isso pesa sobre mim. Não o peso do fardo, mas a carga dos sonhos.
Depois de 25 anos de intensa militância no Partido dos Trabalhadores, não foi sem emoção que fiz a travessia para a estrela maior. Antes, passei três anos no limbo, desencontrado, desapaixonado e sem certeza de que caminho seguir.
O PSOL era um caminho improvável porque só se dispunha a dialogar com o antipetismo e eu e minhas companheiras e companheiros queríamos um lugar para fazer mais e melhor que a antiga morada, mas jamais destruí-la ou negá-la.
A conjuntura mudou, uma fissura institucional transformou a realidade objetiva e o PSOL soube fazer a leitura e mudar a narrativa central de sua construção.
A possibilidade de uma frente inovadora entre o PSOL e um dos movimentos sociais mais importantes do Brasil era o sinal que nos faltava. E juntamente com Guilherme Boulos e o MTST fomos para o PSOL.
Sem mandato, recomeçamos a construção de uma nova utopia, tijolo por tijolo. Formamos um pequeno núcleo e iniciamos muito diálogo com todas as forças e correntes internas. Respeitamos disciplinadamente a cultura psolista de ser e pensar a política.
Construímos alianças, disputamos e constituímos uma direção municipal com todas as forças e diversidades possíveis.
Nas eleições municipais, ensaiamos uma frente de esquerda, mas não foi possível concretizá-la, fomos para a difícil batalha eleitoral sem alianças. Demos um passo para trás e, de candidato a prefeito, virei candidato a vereador.
Hoje, o PSOL é o único partido de esquerda com representação na Câmara Municipal de São José do Rio Preto. Inauguramos uma alternância anual em nosso mandato, pactuada dentro do diretório municipal, em que os quatro primeiros suplentes assumirão pelo menos um mês por ano nossa cadeira legislativa, mostrando para a cidade que nosso partido tem linha ideológica, qualidade política e unidade de ação.
Hoje, familiarizado com a nossa cultura psolista, tive a imensa alegria de ser indicado, em congresso, presidente estadual do PSOL.
De todos os espaços de representação que já ocupei, esse é um dos que mais me honra e estimula como militante de esquerda e socialista.
Os desafios são imensos e instigantes. O congresso estadual indicou Guilherme Boulos, uma das lideranças políticas mais preparadas do país, como pré-candidato ao governo de São Paulo.
Mais uma vez, conjugaremos a disputa institucional com a construção da base partidária e dos mais diversos e contemporâneos movimentos sociais. A luta feminista, antifascista e anti-homofóbica encontrou no PSOL um esteio sólido e verdadeiro. E é na luta de classes que todas essas bandeiras se encontram.
Sinto-me legitimado por minhas companheiras e companheiros para dedicar toda a minha paixão militante à construção do nosso partido.
Vamos avançar ainda mais em um PSOL popular, democrático e de todas as lutas, um partido inserido nas lutas populares e na realidade dos trabalhadores e suas urgências.
Viva o PSOL e sua militância!”