O Romantismo, escola literária do século XIX, surgiu como uma arte que iria de encontro com os anseios da Burguesia, classe social crescente na Europa. Os Burgueses ascenderam socialmente, mas não tinham apreço pela cultura clássica, pois eles não tinham, como diz o vulgo, “berço”. Se o clássico é sóbrio e ponderado, o que se opõe a ele é totalmente às avessas. Exagerado, excessivo “tudo ao mesmo tempo”.
As escolas literárias imitam o pêndulo do relógio, pois, ora se valoriza a razão, ora, a emoção. Para se criar o herói daquele momento, os Europeus foram buscar em suas raízes a figura do cavaleiro Medieval. Cavalheiro, porém fraco devido ao enlace ao ópio e às mulheres. O medo de amar caracteriza-se pelo dualismo de atração e medo. Nestes versos de Casimiro de Abreu, autor Romântico brasileiro, nota-se o temor da realização amorosa “No fogo vivo eu me abrasara inteiro / Ébrio e sedento na fugaz vertigem / Vil, machucava com meu dedo impuro / As pobres flores da grinalda virgem”.
Nos Estados Unidos, não houve período Medieval, e sim colonial. Os primeiros colonos Ingleses encontraram nesse novo território um personagem bem diferente desse cavaleiro idealizador, deparou-se com o índio. Então, como personagens de seus romances, quem cumpriria essa função seria os pele vermelhas, como no filme “O último dos Moicanos”. O herói que adentra a floresta sem medo para salvar a donzela estrangeira e frágil mesmo sem recompensa.
O Romantismo iria valorizar o egocentrismo, a emoção, a volúpia, o amor idealizado, o incesto e o adultério, mas tudo provocado por impulsos do subconsciente em supremo estado de embriaguez. Uma história recente e que conquistou quase o mundo todo, foi a Saga Crepúsculo, que reconstrói esses aspectos literários de uma forma bem peculiar. Edward é o próprio herói medieval, um vampiro, elegante, educado; devido ao fato de ele vir de outro século, o tratamento em relação às mulheres é diferente, e sua fraqueza, o sangue humano. Quanto ao amor idealizado que ele tem pela Bela é justamente por temer a realização amorosa, uma vez que ele é um predador.
A figura feminina quase sempre se dá por vultos que não podem ser corpóreos, são eles assexuados como anjos e virgens. O enredo se desenrola pelo viés do sofrimento entre o desejo e a culpa de aviltar o amor puro, sem máculas. Jacob, do clã inimigo, um lobo, analogicamente, ele representa os próprios habitantes Norte Americanos que, nos filmes seguintes são apresentados toda a linhagem e duelos entre nativos e forasteiros.
Quanto à Bela, ela tem a delicadeza e ingenuidade de Guinevere, esposa do rei Arthur e apaixonada pelo melhor amigo de seu marido, Sir Lancelot. Ambas as mulheres são dividas por dois homens, dois amores. Porém, ninguém é feliz olhando para dois caminhos. Quanto ao desejo de morte por parte dela assinala-se o lirismo universal da morte por amor, assim como Julieta ou Moema, personagem épica de Caramuru. Como se vê, o amor é um tema constante na vida do ser humano e ultrapassa os tempos e as vontades. Ele sempre se renova, recebendo novas roupagens e encantando as pessoas de todo o mundo.
Todos os amores são válidos, seja ele carnal, fraterno ou materno / paterno. Praticando esse sentimento, as pessoas, tentando entender o outro tem a possibilidade de descobrir a si mesmas. Com o autoconhecimento são capazes de se tornarem mais seguras para agirem em todos os campos da vida. O papel sentimental e catártico da literatura serve para lembrar o homem do seu lado mais sensível, que às vezes, fica esquecido devido às tantas atribulações do cotidiano.
Rodrigo Donizete Daum
Graduado em Letras pela Fundação Educacional de Fernandópolis
Pós Graduado em Docência do Ensino Superior, Médio e Técnico pela FAEC/FALC Professor de Redação do colégio 20 de Novembro – Objetivo Auriflama
Professor Convidado de Língua Portuguesa na Universidade Camilo Castelo Branco – Unicastelo de Fernandópolis