sábado, 23 de novembro de 2024
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Estudo testa a mobilidade e a força muscular de idosos com demência

Pesquisa conduzida na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) mostrou que é possível adaptar testes de mobilidade funcional e de força muscular para que sejam realizados no ambiente doméstico, de…

Pesquisa conduzida na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) mostrou que é possível adaptar testes de mobilidade funcional e de força muscular para que sejam realizados no ambiente doméstico, de forma remota. A proposta é atender pessoas idosas com demência por telessaúde, a partir de um protocolo que envolve o treinamento de cuidadores e a supervisão on-line de profissionais de saúde.

Testes de mobilidade funcional e de força muscular são amplamente utilizados por fisioterapeutas e outros profissionais que atuam na área da gerontologia para avaliar o processo de envelhecimento, prescrever tratamentos ou exercício físico e avaliar o resultado de intervenções terapêuticas em pessoas idosas.

“Os resultados obtidos nos testes de modo remoto foram confiáveis. A grande contribuição deste trabalho está em conseguir acessar de modo mais amplo a população de idosos com demência, visto que a telessaúde traz facilidades práticas, tornando o atendimento mais frequente e o acompanhamento da pessoa idosa mais completo”, afirma Larissa Pires de Andrade, professora do Departamento de Fisioterapia da UFSCar e coordenadora do estudo publicado na revista Geriatrics, Gerontology and Aging.

Na avaliação de Andrade, fazer testes de mobilidade funcional e de força muscular por telessaúde pode ser uma alternativa para a avaliação dessa população, facilitando a prestação de serviço a indivíduos que não têm condições financeiras ou físicas de se deslocar até uma clínica. Também pode ser útil em situações que impedem as pessoas de saírem de casas, como ocorreu durante a pandemia de COVID-19.

O estudo, fruto do trabalho de doutorado de Carolina Tsen, faz parte de um projeto maior, liderado pelo Laboratório de Pesquisa em Saúde do Idoso (LaPeSI) da UFSCar e financiado pela Fapesp, que visa testar programas de telerreabilitação para idosos com demência.

“A confirmação de que é possível fazer esses testes, tão comuns na prática clínica, de maneira remota é o primeiro passo da nossa pesquisa, que envolve também a adaptação de processos de reabilitação desses idosos com demência por telessaúde”, explica Andrade.

Metodologia
Durante o estudo recém-publicado, 43 indivíduos com diagnóstico clínico de demência realizaram de maneira remota, com o auxílio de cuidadores, testes que avaliam a mobilidade funcional e a força muscular. Foram usados métodos consagrados da fisioterapia, entre eles a Short Physical Performance Battery (Bateria Curta de Desempenho Físico), uma série de avaliações para verificar fatores como velocidade de marcha, equilíbrio estático e força de membros inferiores.

Os pesquisadores também adaptaram outros três testes, dentre eles o 30 Seconds Sit to Stand (Sentar-Levantar 30 Segundos), que avalia quantas vezes nesse intervalo de tempo o indivíduo consegue sentar e levantar de uma cadeira, o que permite aferir a força e a resistência das pernas. Outros testes adaptados para o modelo remoto foram o Time Up to Go (TUG, sigla para “Levantar e Ir”), que consiste em levantar de uma cadeira, caminhar três metros de distância, virar, caminhar de volta e sentar-se novamente; e o Time Up Dual Task (TUG Dupla Tarefa), em que o indivíduo realiza a mesma movimentação do Time Up to Go enquanto responde a perguntas.

Os voluntários tiveram acesso aos testes no ambiente domiciliar, por meio de uma plataforma on-line. Antes disso, os cuidadores receberam uma capacitação para aplicá-los. As avaliações foram feitas com participação on-line e em tempo real de um profissional de saúde capacitado para esclarecer dúvidas.

Andrade explica que, no caso de pessoas com demência, a realização desses exames físicos, tanto na forma presencial quanto remota, pode representar um desafio, visto que os comprometimentos cognitivos, como prejuízos à memória e à atenção, podem resultar em dificuldades para entender o que está sendo solicitado.

“Por isso, além de todo o treinamento com os cuidadores e da preparação do espaço doméstico para as avaliações, foi preciso adaptar os comandos verbais. Eles ficaram mais simples, ditos de forma pausada e curta para que as pessoas idosas com demência pudessem compreender o que estava sendo pedido. Isso foi essencial para que houvesse um desempenho satisfatório nos testes”, diz.

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