Estudo publicado hoje (2) na revista inglesa The Lancet, especializada em assuntos da área de saúde, destaca avanços brasileiros em políticas de estímulo à amamentação e cita o país como referência mundial no aleitamento materno. O levantamento analisou dados de 153 nações, sendo que o Brasil aparece em posição de destaque em relação a países como a China, os Estados Unidos e o Reino Unido.
O pediatra e coordenador do estudo, César Victora, explicou que, na década de 70, as crianças brasileiras eram amamentadas por um período de dois meses e meio, em média. Em 2006, o número subiu para 14 meses. O levantamento mostra também que, na década de 80, apenas 2% das crianças brasileiras até 6 meses de idade recebiam exclusivamente leite materno. Em 2006, o índice passou para 39%.
“O Brasil foi o país que mais chamou a atenção por ter tomado medidas importantes e complementares nas últimas três décadas”, destacou, ao citar que a China, por exemplo, registrou uma redução de 5% no total de crianças com até 6 meses que se alimentam exclusivamente com leite materno.
Ainda de acordo com o estudo, as brasileiras amamentam mais do que as britânicas, as americanas e as chinesas. A taxa de aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de vida do bebê, no Brasil, é o dobro da registrada nos Estados Unidos, no Reino Unido e na China. “Não fizemos um ranking, mas o Brasil, com certeza, estaria entre os cinco primeiros”, reforçou o pesquisador.
Outros dados que constam no artigo e que têm como base informações do Fundo das Nações Unidas pela Infância (Unicef) revelam que 68% das crianças brasileiras são amamentadas na primeira hora de vida, 50% continuam sendo amamentadas até completar 1 ano de idade e 25% são amamentadas até os 2 anos.
Durante evento na sede da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) em Brasília, o secretário de Atenção à Saúde, Alberto Beltrame, lembrou que a saúde da criança envolve cuidados que começam na vida intrauterina. “A política nacional de aleitamento materno não é um esforço de um governo. É um esforço de todos e uma política abraçada pelo Brasil”, disse.
O ministro da Saúde, Marcelo Castro, avaliou o conjunto de ações de estímulo ao aleitamento materno como uma das políticas exitosas da pasta. “É uma política iniciada na década de 80 e que vem, desde então, sendo aplicada, estimulada e planejada com excelentes resultados”.
Entre as estratégias elogiadas por Castro estão a rede brasileira de bancos de leite humano, a regulamentação da chamada Lei da Amamentação, que limita a comercialização de substitutos ao leite materno, e a ampliação da licença-maternidade, de quatro para seis meses, permitindo a amamentação exclusiva pelo período recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).