A estudante Ana Reis dos Santos, 44, sofreu um derrame há quatro anos e atualmente está em uma cadeira de rodas. A dificuldade de se locomover não a impossibilitou de realizar seu sonho: estudar Letras, com habilitação em Português e Inglês. Hoje ela estuda na Unifev (Centro Universitário de Votuporanga). Ana diz que não possui condições para locomover-se de sua residência, situada na rua Pontes Gestal, no bairro Cecap II, até a Unifev. Ela disse que já entrou em contato com o secretário de Educação e Cultura, José Aparecido Duran Netto, para reivindicar um transporte até a faculdade, pois depende de favores de amigos e vizinhos próximo a sua casa para chegar no local. “Não posso depender das pessoas. Tem dia em que elas não podem ir e eu perderei aula?”, indaga. A estudante contou que a resposta do secretário foi de que não há possibilidades da Prefeitura inserir um ônibus naquele bairro à noite, mas caso Ana quisesse estudar durante o dia, a proposta poderia ser analisada. “O curso que estou fazendo só tem à noite. Não posso ficar sem estudar”, disse. Ana falou que está reivindicando a ajuda da Prefeitura desde o ano passado, antes do início das aulas, mas até agora não teve nenhuma resposta. “Não é justo parar de estudar por não ter transporte. Eu também não quero depender dos outros”, decidiu. Na opinião de Ana, a Unifev está adequada para atender às necessidades dos deficientes físicos, tanto para locomoção interna, como o acesso para as salas de aula. “Esperei 24 anos para cursar uma faculdade. Meu sonho é lecionar e não desistirei. Fala-se tanto que a cidade é a ‘Capital da Educação’, e as autoridades poderiam rever isso”, diz.
Secretaria
A reportagem do jornal A Cidade tentou contato com o secretário Duran, mas ele encontrava-se em viagem de trabalho. A diretora do departamento pedagógico, Luzia Zirundi Figueira, até ontem, respondia na ausência do secretário. A diretora, após saber do caso de Ana, entrou em contato com Duran. Luzia disse que o secretário conhece a reivindicação da estudante e tomará providências para ajudá-la, após o seu retorno. Luzia informou que Duran falou que o município tem responsabilidade em transportar os estudantes assistidos pela Prefeitura, mas não atende os demais alunos, tanto de escolas particulares como faculdade. A diretora informou que Duran já entrou em contato com a Secretaria do Meio Ambiente e Gestão de Serviços para conseguir um modo de transportar a estudante, já que por Lei os deficientes físicos têm direito a transporte da Prefeitura.