Bolsista de graduação-sanduíche nos Estados Unidos pelo programa Ciência sem Fronteiras (CsF), o estudante brasileiro Luís Felipe Longo Micchi fez uma importante descoberta a partir dos trabalhos realizados na Catholic University of America, em Washington. Com a ajuda do telescópio Hubble, ele encontrou uma estrela candidata a supernova perto da galáxia MRK-477.
Supernovas são corpos celestes surgidos após as explosões de estrelas que tenham mais de dez massas solares. São objetos extremamente brilhantes, cuja luz declina até que eles se tornem invisíveis, em semanas ou meses. Em apenas alguns dias, o brilho pode intensificar-se em um bilhão de vezes, a partir do estado original, e ser comparado ao de uma galáxia.
Estudante de física na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Luís Felipe conta que a descoberta surgiu a partir do envolvimento em uma pesquisa sobre quasares, tipos mais luminosos de galáxia. “Eu estava procurando descobrir mais sobre a morfologia desses objetos, trabalhando com imagens do satélite Hubble”, diz. “Em uma das imagens, a da galáxia MRK-477, apareceu algo diferente de todas as demais, um ponto muito luminoso, tanto quanto a própria galáxia inteira.”
Ao tratar a imagem, o bolsista chegou à conclusão de que o ponto era algo extra, que não deveria estar ali. “Para provar essa hipótese, peguei uma imagem mais antiga, de 2013, e verifiquei que o objeto realmente não estava lá”, destaca. “Já tendo trabalhado com supernovas, percebi tratar-se de uma. Ou seja, eu estava olhando em primeira mão para uma estrela em explosão.”
Luís Felipe espera que a descoberta funcione como um incentivo ao desenvolvimento da área no Brasil. “Acredito que o fato de ter mais brasileiros em pesquisas de grupos internacionais traga reconhecimento à ciência brasileira em geral”, afirma.
“Essa e outras descobertas, espero, devem incentivar ainda mais pessoas que gostam da área a procurá-la e, com isso, aumentar a produção científica no Brasil.”
Intercâmbio — Sobre as perspectivas com o Ciência sem Fronteiras, o bolsista afirma que a experiência no exterior traz crescimento pessoal, que acontece naturalmente. “Conheci pessoas do mundo todo, tive contato com culturas diferentes”, diz. “Isso serviu para expandir a perspectiva de vida, é uma coisa que avalio como mudança muito positiva em minha vida.”
A graduação-sanduíche também possibilitou o aprimoramento de conhecimentos e habilidades. “Uma primeira e mais básica mudança em minha carreira possibilitada pelo Ciência sem Fronteiras foi a proficiência em inglês”, salienta. “Agora, posso dizer com certeza que sou fluente, algo importante em todas as áreas hoje em dia.”
O intercâmbio também permitiu a Luís Felipe o contato com uma rede de cientistas. “Conhecer diferentes profissionais na mesma área do conhecimento, ver as maneiras que eles têm de entender e pensar a ciência é de vital importância”, afirma. “Isso ficou visível nessa experiência no exterior. Agora, sei que posso ter informações de pesquisadores que antigamente não teria e talvez realizar colaborações futuras.”
Lançado em 2011, o Ciência sem Fronteiras promove a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional. O programa busca também atrair pesquisadores do exterior que queiram se fixar no Brasil ou estabelecer parcerias com pesquisadores brasileiros nas áreas prioritárias definidas no programa, bem como criar oportunidade para que pesquisadores de empresas recebam treinamento especializado no exterior.