domingo, 24 de novembro de 2024
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Estado de SP tem janeiro mais mortal em quase duas décadas

O estado de São Paulo teve, neste ano, o mês de janeiro com mais mortes registradas desde 2003, início da série histórica de dados dos cartórios paulistas feita pela Associação…

O estado de São Paulo teve, neste ano, o mês de janeiro com mais mortes registradas desde 2003, início da série histórica de dados dos cartórios paulistas feita pela Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo (Arpen-SP). Neste ano, foram registrados 37.536 óbitos em janeiro – um aumento de 11,3% em relação ao mesmo mês do ano passado.

Apesar de o comparativo indicar queda nas mortes relacionas à Covid-19, óbitos por outras causas tiveram crescimento no mês em São Paulo. Pneumonia, por exemplo, foi apontada como responsável pela morte de 6.736 pessoas – aumento de 82,4% em relação a janeiro de 2021. O mesmo ocorreu no Brasil como um todo, com aumento de 70% nos óbitos pela doença.

Ainda assim, o item que agrupa várias doenças, como o câncer, é o que mais acumula mortes, seguido pela pneumonia:

Causas das mortes em janeiro de 2022 em SP:

Demais causas (11.017)
Pneumonia (6.736)
Covid-19 (5.123)
Septicemia ( (infecção generalizada ou infecção na corrente sanguínea) (3.786)
Infarto (2.958)
AVC (2.599)
Cardiovasculares (2.166)
Insuficiência Respiratória (1.980)
Causas violentas (756)
SRAG (259)
Indeterminada (156)

Mortes em janeiro em SP ano a ano:
2003 – 18.675
2004 – 19.131
2005 – 19.173
2006 – 19.898
2007 – 19.340
2008 – 19.861
2009 – 19.878
2010 – 21.045
2011 – 23.093
2012 – 20.380
2013 – 21.294
2014 – 22.865
2015 – 25.069
2016 – 23.038
2017 – 22.977
2018 – 23.754
2019 – 23.377
2020 – 25.349
2021 – 33.712
2022 – 37.536

O pneumologista Andre Nathan, do Hospital Sírio-Libanês, cita duas hipóteses que podem explicar o aumento nos óbitos por pneumonia no último mês de janeiro. A primeira seria a subnotificação de mortes por Covid-19 e Influenza, que – pela falta de testagem – acabariam sendo registradas como quadros de pneumonia viral.

A outra explicação estaria relacionada à alta de casos gripe provocada pelo vírus H3N2 da Influeza. Segundo o especialista, quando há um surto de vírus influenza, há uma tendência de que esse seja seguido por uma alta nos casos de pneumonia bacteriana, devido ao enfraquecimento do sistema de defesa do organismo, o que favorece a ação das bactérias causadoras da pneumonia, os pneumococos.

Em 26 de janeiro, um jovem de 29 anos morreu com pneumonia à espera de uma vaga em leito de UTI no interior de São Paulo. Bruno Souza estava no Pronto Atendimento (PA) de Buri, cidade com cerca de 20 mil habitantes que não tem hospital.

De acordo com a Prefeitura de Buri, o paciente procurou atendimento no PA porque teve febre e sintomas gripais. Na unidade, ele passou por dois testes de coronavírus, mas os resultados foram negativos.

Cardíacos
Ainda segundo o levantamento da Arpen, os números de óbitos por problemas cardíacos também tiveram crescimento significativo em relação ao primeiro mês do ano passado:

Infarto: 2.958 óbitos (aumento de 36,2%);
Acidente Vascular Cerebral (AVC): 2.599 óbitos (aumento de 27,5%);
Causas cardiovasculares inespecíficas: 2.166 óbitos (aumento de 9,5%);
Outras causas de mortes naturais (por doenças) também registraram aumento, o que pôde ser verificado novamente em nível nacional, pelos dados da Arpen Brasil. Óbitos motivados por causas violentas – homicídio, acidentes de trânsito, suicídio, dentre outros – cresceram 12,3% em janeiro deste ano, em relação ao mesmo mês de 2021.

A série histórica de dados levantados pela Arpen-SP é elaborada com base nos 836 Cartórios de Registro Civil do estado, que atendem aos 645 municípios paulistas.

Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde informou que “a pandemia de Covid-19 impôs novos desafios” e que “os recursos e esforços foram concentrados na ampliação da assistência dos pacientes de Covid-19”. “Mesmo assim, o Estado segue zelando pela vida e pela saúde de todos, em meio ao enfrentamento da maior pandemia dos últimos 100 anos, por isso os serviços estaduais ambulatoriais e hospitalares mantiveram seus atendimentos a outras patologias, garantindo a continuidade da assistência”, afirmou a pasta em nota.

“Além de manter a assistência e realizar o monitoramento da rede, a pasta também oferece aos pacientes o apoio da Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde (CROSS) nos fluxos para o atendimento oportuno. Vale lembrar que a principal maneira de prevenção da Covid-19 e de evitar que mais pessoas adoeçam e precisem de hospitalização e assim garantir o atendimento igualitário a todas as patologias é o cumprimento dos protocolos sanitários”, disse a secretaria.

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