Em meio à epidemia de dengue, o Estado de São Paulo teve notificados 387 casos (mais de três por dia) suspeitos da febre chikungunya nos primeiros quatro meses deste ano. Até agora, sete casos foram confirmados, todos importados, segundo a Secretaria de Saúde do Estado. A evolução da doença é clara: em julho, havia no País 17 casos confirmados; neste ano, são 1.688. E o avanço de casos ocorre em toda a América.
A febre é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo transmissor da dengue. Os casos são considerados importados porque os pacientes adquiriram a doença fora do Estado. Segundo dados do Centro de Vigilância Epidemiológica (CEV) da Secretaria da Saúde do Estado, não há registro de morte causada pela chikungunya. Ainda conforme o governo, os outros 380 casos em que pacientes apresentaram suspeita da doença foram descartados após o resultado de exames.
Desde o ano passado, o Estado está em alerta para evitar que a doença se espalhe. O risco é considerado alto pelo Ministério da Saúde, pois os dois principais fatores para a disseminação estão presentes: doentes e o mosquito transmissor.
Já a Secretaria considera que, em São Paulo, existe pouco risco de disseminação da chikingunya. Segundo o órgão, o bloqueio imediato dos casos confirmados deu resultado até agora, pois não foi registrado caso autóctone, de contaminação dentro do Estado.
Em Sorocaba, um morador da zona norte foi contaminado durante viagem a Riachão do Jacuípe, na Bahia, em março. Em ação rápida, o paciente foi isolado em ambiente à prova do mosquito. A casa e os arredores foram nebulizados seguidas vezes. Em Ribeirão, um homem de 45 anos teve a doença confirmada após retornar da Bahia. Uma mulher de Marília apresentou a chikungunya, em abril, depois de retornar de uma viagem a Porto Rico.
No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, já são 3.135 casos autóctones notificados este ano, dos quais 1.688 confirmados – os demais à espera de resultado dos exames. Todos estão concentrados nos Estados da Bahia e do Amapá.
No mundo
De acordo com relatório da Organização Mundial de Saúde, o número de casos de chikungunya nas Américas passou de 111 em janeiro de 2014 para 1,16 milhão em janeiro deste ano, com 172 mortes.
Países vizinhos, como Guiana Francesa e Venezuela, já enfrentam a doença, que tem sintomas parecidos com os da dengue, como febre, dores pelo corpo, dor de cabeça, apatia e cansaço. A diferença é que o vírus da chikungunya ataca as articulações, causando inflamações, vermelhidão e dores fortes.
O diagnóstico é feito por exame clínico ou de laboratório. Como no caso da dengue, apenas os sintomas da doença são tratados com hidratação intensa, além de analgésicos e antitérmicos para aliviar os sintomas.
Até julho de 2014, o Brasil tinha registrado apenas 17 casos de chikungunya. A doença entrou no País provavelmente trazida por militares que retornavam do Haiti. A disseminação foi rápida: até o fim do ano, o número de casos autóctones confirmados subiu para 2.772, além de outros 477 em investigação. Houve ainda 100 casos importados da doença em 14 Estados. Em São Paulo, em 2014, foram notificados 213 casos, dos quais 35 confirmados – todos importados.
Mais transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, como a dengue, embora também possa ser passada pelo Aedes albopictus, a febre chikungunya tem sintomas semelhantes, porém mais agudos e dolorosos. O nome, em dialeto africano, significa “andar curvado” em referência às fortes dores que causa na coluna e nas articulações. Os sintomas duram mais tempo que os da dengue.