O Estado de São Paulo registrou até esta sexta-feira (30) cinco mortes por dengue em 2015. Outras quatro suspeitas são investigadas. Os casos foram confirmados pelas prefeituras.
A situação mais grave é a de Guararapes (a 545 km de São Paulo), onde três pessoas morreram em decorrência da doença. As vítimas foram dois homens (um de 65 e outro de 59 anos) e uma mulher de 65 anos. Até esta sexta, eram 1.355 casos notificados, dos quais 731 foram confirmados.
O número de infectados na cidade já é 73% superior ao de todo o ano passado, quando houve 423 casos.
Segundo o prefeito, Edenilson de Almeida (PSDB), a seca do ano passado assustou as pessoas, que retomaram o costume de colocar pratinhos debaixo de plantas, para não perdê-las. “Cerca de 80% das larvas encontradas estão dentro das casas”, diz Almeida.
A Prefeitura de Guararapes anunciou uma força-tarefa para tentar controlar a situação. “Todo mundo já sabe quais são os cuidados. Convivemos com a dengue há 30 anos. A primeira medida é eliminar o criadouro do mosquito”, afirma o prefeito.
Em Caraguatatuba (a 173 km da capital paulista), que já registra 313 casos, uma dona de casa de 39 anos morreu na quarta-feira (28).
Segundo a prefeitura, a demora em buscar atendimento pode ter agravado o quadro de Adelaide Amaro Simões, que deu entrada na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) no último dia 27 com quadro hemorrágico.
A família da dona de casa contesta a informação. Nádia Gonçalves Pires, irmã de Adelaide, afirma que ela procurou o médico assim que surgiram os primeiros sintomas –dores fortes na cabeça e no corpo, febre e tremores.
Em Catanduva (a 385 km de São Paulo), que cancelou o Carnaval deste ano por causa da dengue, um aposentado de 68 anos morreu na quarta (28). Com 615 casos confirmados, a prefeitura decretou estado de epidemia e criou um ambulatório específico contra a dengue.
Já a cidade de Marília aguarda a conclusão de exames para saber se duas mortes suspeitas têm ligação com a doença. Limeira e Lins também registraram uma morte suspeita cada uma e também esperam resultados de testes.
A dengue preocupa ainda Sorocaba (com 547 confirmações), Penápolis (190), Paraguaçu Paulista (108) e São José do Rio Preto (68).
Campeã dos casos em 2014, com 41.970 casos (20% de todo o Estado), Campinas registrava, até esta sexta, 25 ocorrências. Segundo a prefeitura, o número não é visto com triunfo e será tratado da mesma forma que em 2014.
Para o infectologista Artur Timerman, os casos não são surpreendentes, pois já se sabia desde novembro que deveriam ocorrer, com base em pesquisa do Ministério da Saúde. Para ele, como 2014 teve uma redução de casos em relação a 2013, todo mundo se esqueceu da pesquisa.
“Em 2013, tivemos a maior epidemia de dengue do Brasil. No ano passado, diminuiu um pouco. Com a persistência do mosquito e a circulação de um novo sorotipo [4] da dengue este ano, os casos já eram esperados”, afirma.
Segundo dados do Ministério da Saúde, o número de mortes pela dengue em todo o Brasil foi de 405 em 2014, ante 674 no ano anterior. Só em São Paulo, foram 86 mortes em 2014 e 76 em 2013.
Segundo Timerman, o número de casos deve ser maior entre março e abril.