Mesmo ainda faltando um mês para o fechamento anual das estatísticas oficiais de violência, 2014 já se tornou o ano com mais roubos no Estado de São Paulo nos últimos 13 anos.
No Estado, foram 286.523 crimes desse tipo entre janeiro e novembro, número superior a qualquer outro já registrado em um único ano desde 2001, quando a metodologia atual passou a ser adotada pelo governo.
A estatísticas oficiais divulgadas pelo governo na quarta (24) revelam ainda que 2014 também entra para a história com o novembro com a maior quantidade de roubos (23.507) da série.
Foi o 18º aumento mensal consecutivo desse tipo de crime, tanto no Estado quanto na capital.
EXPLICAÇÃO
Procurado, o governo Geraldo Alckmin (PSDB) não comentou o crescimento nos roubos no Estado.
A gestão tem dito que a alta dos roubos se deve à possibilidade, desde o final de 2013, de se registrar pela internet os casos de roubo. Admite, porém, que essa ferramenta explica apenas uma parte do problema.
Cometidos sob violência ou grave ameaça, os roubos são tidos como os crimes que mais trazem sensação de insegurança à população.
Também estão nessa lista os latrocínios, roubos que acabam em mortes.
Por outro lado, a incidência desse tipo de crime é um dos principais termômetros da eficiência da polícia, dizem especialistas. Quanto mais bem policiada uma área, menos chances de sucesso um criminoso terá.
“Roubo é um crime de oportunidade. A polícia na rua inibe a ação do bandido. Mas é necessário, também, a identificação e investigações a respeito dos assaltantes contumazes e a prisão deles, o que vai impactar os índices”, diz o professor Luis Sapori, da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Minas Gerais.
QUEDA
Em São Paulo, de acordo com informações fornecidas pela própria Secretaria de Estado da Segurança Pública, apenas 2% dos roubos são solucionados.
“São Paulo vive um aumento contundente da violência e isso não pode ser mais negado”, diz Sapori.
Os números ruins explicam em parte a queda do secretário da Segurança Pública Fernando Grella Vieira, que dará lugar, em janeiro próximo, ao advogado Alexandre de Moraes.
Grella assumiu o cargo em novembro de 2012. Sob sua gestão, foi revertida a tendência de alta dos homicídios, mas o número de roubos, na outra ponta, aumentou no Estado.
Para integrantes da cúpula das polícias ouvidos pela reportagem da Folha, a relação de Grella com a Polícia Militar pesou para a sua saída. Ao defender o fim da paridade entre os salários de delegados e de oficiais, o secretário desagradou os integrantes da corporação.
Com isso, ainda de acordo com os integrantes das polícias, houve uma queda deliberada na eficácia dos patrulhamentos feitos pela Polícia Militar nas ruas.
Grella e a Polícia Militar negam problemas.