Desde 2012 de quando a Gazeta do Interior foi fundada que nossa reportagem mostra as condições de uma das vicinais mais perigosas da área de circulação.
A Abel Pinho Maia, que liga Potirendaba a Ibirá: 12 quilômetros de perigos, de insegurança e medo que já mataram oito e deixaram outros 16 feridos neste período.
A tragédia mais recente registrada nela foi no dia 23 de julho e chocou Potirendaba. Segundo a Polícia Civil da cidade um carro com dois homens vinha de Ibirá para Potirendaba quando bateu de frente com um caminhão. Os dois não sobreviveram.
Caminhões do Corpo de Bombeiros de São José do Rio Preto foram acionados para socorrer as vítimas. Os dois ficaram presos às ferragens e a rodovia precisou ser interditada por mais de duas horas nos dois sentidos.
Valdir José da Silva, de 52 anos, que estava no banco do passageiro morreu na hora. O motorista, Agnaldo Luis Contiero, de 46 anos, chegou a ser socorrido em estado gravíssimo por uma unidade de resgate dos Bombeiros direto para o Hospital de Base de Rio Preto, mas acabou morrendo na terça-feira seguinte.
O motorista do caminhão felizmente nada sofreu. Ele seguia para o frigorífico da cidade com animais que seriam abatidos, quando sofreu o acidente há poucos metros de seu destino.
Nossa reportagem esteve no local um dia depois do acidente e trouxe com exclusividade ao Portal Gazeta, uma conversa com um dos peritos que realizou o laudo da batida. De acordo com as marcas deixadas na pista, o carro dirigido por Agnaldo teria invadido a pista contrária e batido de frente com o caminhão que transportava gado.
Segundo a Polícia Civil de Potirendaba, o caso foi registrado como homicídio culposo na direção de veículo. Trecho do Boletim de ocorrência consta que a Polícia Militar de Ibirá recebeu três ligações de motoristas que trafegavam pela rodovia e que avistaram o motorista ziguezagueando pela vicinal e a suspeita era de que eles estivessem embriagados. Ainda de acordo com o BO, os policiais só conseguiram alcançar o carro no momento em que já tinha acontecido o acidente.
Quem anda pela Abel Pinha Maia já presenciou ou já ouviu falar de alguma imprudência cometida por motoristas. O local sem acostamento, com placas escondidas no mato alto e com curvas extremamente perigosas são propícios para acidentes muitas vezes fatais.
Em dezembro de 2015 a Gazeta mostrou que o recape feito em 2013 já apresentava problemas e diversos buracos. O primeiro acidente noticiado pelo nosso jornalismo na vicinal foi no dia 16 de julho de 2012, quando um ônibus atropelou um cavalo solto na pista.
Dia 10 de março de 2013, Paulo Henrique Pavanelli da Silva, morador de Urupês, morreu depois de capotar um Astra em um dos trechos da via.
No dia 13 de maio de 2013, o oficial de justiça, José Eduardo Vitorasso, de 40 anos, seguia pela vicinal de moto com a dentista, Elaine Brambila Balsarini, de 31 anos, quando foram atingidos na traseira, por um gol.
Com a batida, o motorista do carro, Romário Bento da Silva, de 19 anos, perdeu o controle da direção e bateu em um barranco. Os três foram socorridos e felizmente sobreviveram.
No dia 19 de agosto, um motociclista quebrou as duas pernas na temida curva da vicinal, próximo à divisa de municípios. Cansado de consertar a cerca, o dono do sítio precisou colocar placas por conta na curva para sinalizar aos motoristas.
No dia 24 de junho de 2014, o motociclista, Michel Hermenegildo Carola, por pouco não morreu depois que um carro foi ultrapassar outro de frente. Michel conseguiu desviar e caiu com a moto em uma estrada de terra.
No dia 8 de outubro um caminhão carregado com vinagre tombou na ponte que faz divisa das cidades. A carga ficou toda espalhada na pista e o caminhão destruído.
Dia 7 de dezembro ainda de 2014, um carro de frente com uma árvore. Marcio José Bonilha, de 25 anos, perdeu o controle da direção, bateu a lateral do motorista em uma árvore e acabou morrendo na hora. Outras cinco pessoas, inclusive as filhas, estavam com ele no veículo, tiveram ferimentos, mas sobreviveram.
Em 25 de janeiro de 2015, Pedro Claudino da Silva, de 33 anos, e Leoberto Junior Pereira Chagas, de 22 anos, morrem depois de bater de frente com um ônibus. Outras três pessoas que estavam no carro ficaram feridas.
No dia 19 de junho de 2016, Daniela Cristina Moreira, de 25 anos, morreu também depois de bater de frente com uma árvore. Outras três mulheres que estavam com ela sobreviveram.
No dia 09 de julho do ano passado, uma mulher morreu na curva da morte. Elenice Aparecida Tiago Ferreira, de 42 anos, que estava no banco do passageiro foi arremessada para fora. A motorista e dois homens que estava no banco do passageiro sofreram ferimentos leves.
Acidentes causados por excesso de velocidade, falta do uso do cinto de segurança, uso de bebida alcoólica e entre outras imprudências vão deixando marcas na história da pista.
Nós questionamos o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) que disse que por ser uma estrada municipal, a conservação e melhoria ficam sob responsabilidade dos dois municípios. Já Potirendaba disse que planeja buscar recursos para recapear o trecho, mas que ações de tapa buracos são realizadas com frequência.
Já Ibirá disse: “a parte pertence o município recebe constantemente obras de manutenção preventiva, como já citado diversas vezes para este mesmo veículo de comunicação”.
A Gazeta do Interior afirma que o papel da imprensa é cobrar incansavelmente o poder público até que ele decida resolver o problema. Se tem reclamação do usuário e constatação do jornalismo isto significa que a prefeitura não vem cumprindo com seu papel.