O presidente da Indonésia, Joko Widodo, anunciou nesta terça-feira que o Estádio Kanjuruhan, localizado na cidade de Malang e palco da tragédia que matou mais de 130 pessoas no início deste mês, será demolido e reconstruído do zero para atender aos padrões da Fifa. A decisão foi comunicada após um encontro entre Widodo e o presidente da Fifa, Gianni Infantino, em Jacarta, para tratar da segurança nas praças esportivas do país asiático.
“Nós iremos demolir e reconstruir o estádio de acordo com os padrões, como um exemplo de um estádio modelo, com boas instalações, para que possamos garantir a segurança dos torcedores e dos jogadores”, afirmou o presidente indonésio. “Este é um país do futebol, um país onde o futebol é uma paixão para milhões de pessoas. Nós devemos a elas que, quando vejam uma partida, estejam seguras”, completou.
A paixão pelo futebol na Indonésia foi um dos motivos que levaram o país a ser escolhido como sede da Copa do Mundo Sub-20 de 2023, mas a tragédia despertou preocupação internacional, por isso se fez necessária a intervenção da Fifa. “Minha presença aqui é um sinal de uma nova fase para o futebol indonésio”, afirmou Infantino. “O que eu posso garantir ao presidente e a todo o povo é que a Fifa está aqui com vocês”.
O episódio ocorrido em Kanjuruhan foi um dos mais mortais da história do esporte. Foram contabilizadas 132 mortes, 43 delas de crianças. De acordo com uma investigação feita pelo governo local, o motivo do massacre foi o “uso indiscriminado” de spray de pimenta pela polícia, ação que fez mais de 42 mil pessoas presentes no local correrem ao mesmo tempo para as saídas.
A utilização do spray se deu em uma tentativa frustrada de coibir uma invasão ao gramado no final da partida, já que torcedores do Arema FC ficaram revoltados ao testemunharem a primeira derrota em casa para o rival Persebaya Surabaya após 23 anos de invencibilidade. A partida teve torcida única, medida adotada na Indonésia, assim como no Brasil, para tentar evitar a violência entre torcedores rivais nos estádios.
Além da ação equivocada da polícia, a investigação apontou a negligência da associação de futebol do país como causa da tragédia. As autoridades acusaram seis pessoas por negligência: o presidente da liga local, dois dirigentes do Arema FC e três policiais que permitiram ou ordenaram o uso de spray de pimenta.