Especialistas consultados pelo R7 afirmam que é improvável que um erro do piloto Thiago Yamamoto tenha provocado o acidente com o helicóptero que caiu em frente à Marina Nacional, no fim da rua Náutica, no bairro Sítio São João, nas proximidades do km 229 da rodovia Rio-Santos, no sábado (27). Cinco pessoas morreram, incluindo Thiago.
O Comandante Décio Correa, especialista em aviação e membro do Fórum Brasileiro para o Desenvolvimento da Aviação Civil, disse que há duas hipóteses para o acidente — uma falha mecânica da própria aeronave ou condições meteorológicas adversas.
— Em regiões de serra ou de montanhas existe a formação do que chamamos de efeito orográfico. Quando uma massa de ar encontra uma encosta, ela começa a subir a elevação. À medida que sobe, a massa de ar se resfria e se transforma em chuva. Essas nuvens ficam densas até a água cair e podem provocar acidentes. Helicópteros são mais instáveis que aviões, por isso os acidentes são mais graves. É mais difícil contornar um imprevisto.
De acordo com Décio, o helicóptero como o do acidente, modelo Esquilo, é moderno e bastante seguro. Ele disse ainda que, no geral, pilotos muito experientes costumam pilotá-lo.
— Um piloto para pilotar o Esquilo precisa ser experiente e ter um conhecimento técnico para isso. Dificilmente um erro humano tenha provocado esse acidente.
Segundo imagens feitas por amadores, a família embarcou no helicóptero e fez um voo normal. Minutos depois, a aeronave caiu de bico dentro da mata e explodiu.
O Comandante Hamilton afirmou em entrevista ao programa Cidade Alerta que já pilotou o mesmo helicóptero e que ficou surpreso ao saber do acidente.
— Esse helicóptero é o mesmo modelo usado pela Polícia Militar de São Paulo e pelo Exército. É moderno e seguro. Eu conhecia o Thiago e sei que ele era um piloto experiente. Só mesmo as investigações vão dizer o que aconteceu. Mas foi muito trágico.
O helicóptero prefixo PT-HNC pertence à empresa de táxi aéreo Helimarte. O piloto decolou do Campo de Marte, na capital, sozinho e pousou em um condomínio no Guarujá, onde a família estava. Lá, embarcaram as outras quatro pessoas. No caminho de volta à capital paulista, aconteceu o acidente. Morreram o piloto, o casal Marcelo Müller, 33 anos, e Lumara Rocha Müller, 31, e Geórgia Passos Müller, dois anos, filha de ambos, e a babá, que ainda não identificada. A família locou o helicóptero para levar a garota ao médico por conta de uma doença contraída durante viagem aos Estados Unidos recentemente.
Em nota, a Helimarte lamentou o acidente e as mortes e diz que se solidariza com as famílias das vítimas. A empresa ainda diz que “está colaborando com todos os procedimentos de resgate e apuração e informa que a aeronave estava em perfeitas condições de voo e aeronavegabilidade”.
Integrantes da Polícia Militar e Civil se deslocaram para o local do acidente. Uma equipe do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) também deve atuar na ocorrência. O laudo com as causas deve sair em até 90 dias.
O mesmo helicóptero já havia se envolvido em outro incidente, em setembro de 2006, no Aeroporto Campo de Marte, em São Paulo, onde fica a sede da empresa. Outro aparelho pousava no pátio quando, ao fazer o giro de cauda para a parada, atingiu uma das pás do rotor principal do PT-HNC, que estava estacionado.