Os escorpiões estão se tornando uma praga urbana e perigosa no interior de São Paulo. Segundo a Vigilância Epidemiológica de Santa Fé do Sul, em 2008, foram registrados 28 casos e nos três primeiros meses deste ano já são 12. Durante o ano passado, em todo o estado, foram registradas mais de cinco mil casos de picadas de escorpiões. Além de Santa Fé do Sul, a situação é preocupante também em Bauru, a 323 quilômetros de São Paulo.
Apenas na casa de José Célio Bincoleto e de seus vizinhos, nas proximidades do cemitério de Bauru, mais de 30 escorpiões foram encontrados em uma só semana.
– O cemitério está lotado. À noite, se for ali com farolete, acha um monte. Eles estão subindo para casa, é fácil achar na cozinha, nos banheiros. Tem vizinho que achou nas camas – conta Bincoleto.
Parente distante das aranhas, os escorpiões gostam de lixo, entulho e lugares onde possam se alimentar de pequenos insetos. Eles são responsáveis por quase a metade dos acidentes envolvendo animais peçonhentos no estado de São Paulo. Dependendo da quantidade de veneno inoculado, as vítimas podem ter sintomas graves, como febre, enjoo e contrações musculares. Em crianças e pessoas alérgicas, há risco de morte.
A rotina de Rute Capeline mudou depois que ela foi picada duas vezes por escorpiões. Agora ela vasculha a casa, dedetiza o ambiente com medo de ser atacada novamente.
– Foi um trauma. Desfaço a cama todo dia, antes de dormir puxo tudo. Fiquei um ano dormindo no sofá. Estou tomando precaução no máximo possível. É perigo constante – desabafa.
No campo, o animal também é um problema, o produtor rural Guerino Antonio Olivio, de Santa Fé do Sul, foi uma das vítimas. Há uma semana, ele foi picado no dedo por um escorpião quando trabalhava na colheita da mandioca. Guerino contou que a dor foi intensa e que o local machucado chegou a ficar três dias inchado e adormecido.
A orientação dos médicos é que as pessoas picadas por escorpiões procurem rapidamente um hospital. No pronto socorro de Santa Fé do Sul, desde o início do ano, já foram notificados 22 casos, incluindo também pacientes de cidades da região. Segundo o médico Fred Charles Turner Lizidatti, responsável pelos atendimentos, a gravidade do caso é identificada depois da avaliação dos sintomas.
O número de acidentes provocados por animais peçonhentos, como escorpiões, cobras, aranhas e taturanas aumenta no período mais quente e úmido do ano. Por isso, é importante manter limpos os locais próximos às residências, evitando acúmulo de lixo e entulho.