No último dia de desfiles do grupo especial no Anhembi, sete escolas se apresentaram: Mocidade Alegre, Vai-Vai, Dragões da Real, X-9 Paulistana, Acadêmicos do Tucuruvi, Unidos do Peruche e Império de Casa Verde. As agremiações abrilhantaram o carnaval paulistano, apesar de problemas com carros alegóricos, tumulto no início do desfile de uma escola e uma mulher que se despiu e foi expulsa.
Entre as escolas mais esperadas estava a Vai-Vai, a grande campeã do ano passado e quinta a desfilar ontem (6). O início do desfile da escola foi marcado por tumulto. Um integrante da escola teria se desentendido com um funcionário que trabalhava na liberação de áudio. A Liga das Escolas de São Paulo informou que vai se reunir com os envolvidos para apurar se o membro da Vai-Vai agrediu o funcionário. Se a agressão for confirmada, a escola pode ser punida com a perda de três pontos. Uma ocorrência foi aberta e a decisão da liga sai na segunda-feira (8).
Apesar do incidente, o tema França foi levado à avenida com glamour, em alas e carros alegóricos que rementiam ao perfume, ao champagne, à Torre Eiffel e ao Moulin Rouge, entre outros temas que fazem o país famoso no mundo.
Nem mesmo o calor e a fantasia pesando 15 quilos cansou o folião Nestor Ricardo Bueno, de 78 anos. Ao final do desfile, ele contou o segredo da animação. “É a alma, muito amor à escola. Eu desfilo pela Vai-Vai desde 1988, eu vou passar dos 80 anos. O samba é tudo para mim”. Nestor ainda viaja para o Rio de Janeiro, onde desfilará pela São Clemente. “Eu me preparo, faço regime, exercícios físicos”, contou.
A Unidos do Peruche fez sua reestreia no grupo especial este ano, após quatro anos no grupo de acesso, com uma homenagem aos 100 anos do samba, resgatando as raízes negras do ritmo. Logo no início do desfile, porém, a agremiação enfrentou problemas. Uma mulher integrante da escola despiu-se e foi retirada da avenida por seguranças. De acordo com a assessoria de imprensa da Liga, as imagens vão ser analisadas e a escola poderá ser penalizada.
Outra agremiação muito aplaudida foi a Mocidade Alegre, que trouxe como tema a alma do samba e a mistura com as religiões afrobrasileiras. A bateria empolgou com várias paradinhas, que levaram o público a cantar o samba-enredo.
Aline Oliveira, rainha de bateria da Mocidade, representou Oyá, a senhora dos ventos. Na dispersão do desfile, ela mostrou-se otimista. “Este ano para mim foi perfeito, eu senti uma positividade muito grande. As outras escolas também estavam maravilhosas, mas a gente está confiante, a gente vem para brigar [pelo título de campeã]”.
Na ala que retratou a Pedra do Sal, bairro onde os negros libertos faziam rodas de batuques e capoeira, estava Eunice Nunes, professora de 53 anos, que desfila há 30 anos pela Mocidade. “É
um amor incondicional. Meu marido foi quem me apresentou à Mocidade. O casamento acabou, mas o amor pela escola será eterno”, disse.
A Império de Casa Verde mostrou as civilizações antigas e mitos de sociedades perdidas com o enredo do Império dos Mistérios. A Acadêmicos do Tucuruvi trouxe a fé e o sincretismo religioso, com as culturas indígena, africana e católica.
Com o enredo que trata do ato de dar e receber presentes, a Dragões da Real mostrou criatividade. Na Comissão de Frente, a manhã de Natal lembrou a magia que a data representa para as crianças.
Última a desfilar, a X-9 Paulistana tratou sobre o açaí, fruto típico da Amazônia. A escola teve problemas, pois uma integrante caiu de um carro alegórico, sem se ferir. Outro carro, na comissão de frente, também apresentou problemas e teve de ser empurrado. O clima ficou tenso, mas a escola seguiu, com o enredo que falou da lenda indígena sobre a descoberta da planta por uma tribo afligida por tempos de escassez. A história conta como o fruto tornou-se iguaria nas mesas estrangeiras.