A epidemia de dengue se espalhou por cidades do interior e do litoral de São Paulo, e pelo menos seis municípios paulistas já decretaram situação de emergência por causa do crescimento de casos da doença desde o início deste ano.
Em todo o estado, 29 cidades registram, no mínimo, 300 casos de dengue para cada 100 mil habitantes, índice que configura epidemia, segundo o secretário estadual da Saúde de São Paulo, Eleuses Paiva. Para o Ministério da Saúde, a identificação de uma epidemia deve considerar, além da incidência atual, os casos computados nos últimos 10 anos.
Já são mais de 29 mil casos confirmados de dengue em todo o estado, de acordo com dados da Secretaria Estadual da Saúde. Até o momento, foram confirmadas oito mortes em decorrência da doença. A mais recente foi a de um homem de 76 anos nesta quarta-feira (7/2), em Taubaté, no Vale do Paraíba.
Emergência
Até quarta-feira (7/2), as seis cidades que decretaram estado de emergência por causa da dengue eram: Marília, Botucatu, Jacareí, Pindamonhangaba (na foto de destaque, trabalhos de nebulização na cidade), Pederneiras e Bariri. Os decretos têm a função de facilitar ações como a compra de insumos e a contratação de serviços, em meio à explosão de registros da doença.
Em Pindamonhangaba, por exemplo, o número de casos subiu 128 vezes entre janeiro de 2023 e o mesmo período deste ano. No primeiro mês do ano passado, a cidade contabilizou 15 infecções causadas pelo vírus da dengue. Em janeiro de 2024, o número de registros saltou para 1.930, e duas pessoas já morreram com a doença neste ano.
O município figura entre os que apresentam maior incidência de casos por habitantes no estado, com 1.145,51 registros a cada 100 mil moradores. O índice coloca a cidade na lista de municípios em situação de epidemia da doença, segundo o Secretaria Estadual da Saúde.
“Nós consideramos epidemia em quadro de arboviroses, de dengue, quando nós temos, no mínimo, 300 casos para cada 100 mil habitantes”, disse o secretário Eleuses Paiva, durante coletiva na qual o governo anunciou a liberação de R$ 200 milhões para ajudar as cidades no controle dos casos e a criação de um Centro de Operações de Emergência para monitorar o avanço da doença em São Paulo, na última terça-feira (6/2).
O pior cenário é em Brodowski, na região de Ribeirão Preto, onde há 2.285,62 pessoas infectadas a cada 100 mil moradores. Até o momento, contudo, o município ainda não declarou situação de emergência. Segundo a Secretaria da Saúde, as prefeituras de cada cidade são as responsáveis por decretar o estado de epidemia.
Na Grande São Paulo, a primeira morte por dengue no ano foi confirmada na última terça-feira (6/2), em Guarulhos. A vítima era uma idosa de 104 anos. Na capital paulista, a prefeitura investiga a suspeita de que um homem de 76 anos tenha morrido por causa da doença, em São Miguel Paulista, na zona leste.
Só em janeiro, foram registrados 3.344 casos de dengue na cidade de São Paulo — aumento de 350% em relação ao mesmo período do ano passado.
Ações de controle
Para frear a subida de casos, os municípios afirmam que têm intensificado as visitas de agentes às casas e apostado em campanhas de conscientização.
Em Biriri, a prefeitura decidiu cancelar o Carnaval na cidade e vai destinar os recursos que seriam utilizados na festa para as ações de enfrentamento ao mosquito.
Em Bertioga, no litoral paulista, a prefeitura tem autuado os proprietários de imóveis que não atendem às normas sanitárias do controle das arboviroses.
Sintomas da dengue
Os sintomas da dengue podem variar de leves a graves e geralmente aparecem de 4 a 10 dias após a picada do mosquito infectado. As manifestações clínicas incluem:
Febre alta: a temperatura corporal pode atingir valores significativamente elevados, geralmente acompanhada de calafrios e sudorese intensa;
Dor de cabeça intensa: a dor é geralmente localizada na região frontal, podendo se estender para os olhos;
Dores musculares e nas articulações: sensação de desconforto e dor, muitas vezes referida como “quebra ossos”;
Náuseas e vômitos: podem ocorrer, contribuindo para a desidratação;
Manchas vermelhas na pele: conhecidas como petéquias, essas manchas podem aparecer em diferentes partes do corpo;
Fadiga: uma sensação geral de fraqueza e cansaço persistente.
Tratamento
O tratamento da dengue visa aliviar os sintomas e garantir a recuperação do paciente. Algumas medidas recomendadas pelo Ministério da Saúde incluem:
Hidratação adequada: a ingestão de líquidos é fundamental para prevenir a desidratação, especialmente durante os períodos de febre e vômitos;
Uso de analgésicos e antitérmicos: medicamentos como paracetamol podem ser utilizados para reduzir a febre e aliviar as dores;
Repouso: descanso é essencial para permitir que o corpo combata o vírus de maneira mais eficaz;
Acompanhamento médico: em casos mais graves, é crucial procurar assistência médica para monitoramento e tratamento adequado;
Evitar automedicação: o uso indiscriminado de alguns medicamentos, como anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) e aspirina, pode agravar o quadro clínico, sendo contraindicado na dengue.
Prevenção da dengue
Além do tratamento, a prevenção da dengue é crucial. Medidas como eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti, uso de repelentes, telas em janelas e portas, além da conscientização da população sobre a importância dessas práticas, são enfatizadas pelo Ministério da Saúde.