O Conselho Federal de Medicina (CFM) lança hoje (11) um guia prático com orientações sobre os riscos do doping causado pelo uso de medicamentos e suplementos.
O documento foi produzido em parceria com a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte, o Comitê Olímpico Brasileiro, o Comitê Paralímpico Brasileiro, a Confederação Brasileira de Futebol e a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem.
“Estamos colocando um rol de todas as substâncias que a Agência Mundial Antidoping colocou à disposição da sociedade. A cartilha que estamos apresentando apenas faz uma compilação, uma consolidação e dá algumas orientações de natureza médica. É um resumo do que já existe em sites oficiais”, disse o coordenador da Câmara Técnica de Medicina do Esporte do CFM, Emmanuel Fortes.
A publicação será encaminhada a todos os médicos brasileiros, em particular aos que atuam em áreas como ortopedia, traumatologia, cardiologia e endocrinologia. O texto traz, entre outras coisas, informações sobre substâncias consideradas válidas, mas com consumo não liberado para competidores por interferirem no desempenho e provocarem ganho de força, velocidade ou resistência.
De acordo com o CFM, atletas profissionais ou de alta performance de todas as modalidades são os principais alvos de testes de doping. No entanto, com o aumento do rigor na fiscalização de provas em eventos não profissionais, praticantes de atividades física amadores também podem ser prejudicados pela ingestão indevida desse tipo de produto.
“A intenção é conscientizar, de um lado, os competidores sobre os riscos do uso inadvertido de fórmulas e [do outro lado] os médicos e os profissionais da saúde sobre os efeitos que determinados medicamentos podem gerar”, destacou a entidade.
Fortes destaca que além de uma questão relacionada à saúde do atleta, o doping envolve uma questão ética. “O doping é prejudicial, em primeiro lugar, à ética, à honra, ao comportamento moral. Quando você desnivela o seu desempenho frente a atletas que se dedicam aos treinamentos e não fazem uso de substâncias, você está sendo desonesto. Isso nós devemos combater. A desonestidade é um mal para a humanidade. Em segundo lugar, o uso de substâncias que podem trazer prejuízos no futuro é uma questão de saúde pública. Ela não atinge você em particular, mas toda a sociedade.”
Situação do Brasil
Segundo a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem, o doping é caracterizado pela utilização de substâncias ou métodos proibidos para promover alterações físicas ou psíquicas que melhoram artificialmente o desempenho esportivo do atleta.
O Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem brasileiro, criado em 2016, já puniu cerca de 30 atletas pelo uso de substâncias proibidas, sendo que alguns casos estão em grau de recurso. Ao todo, aproximadamente 70 processos tramitam na Corte.
Relatório publicado pela Agência Mundial Antidoping em 2016 aponta que, dentre os 34 laboratórios certificados pela entidade espalhados em 29 países, o Brasil possui a 10ª menor média de resultados analíticos adversos – quando foram identificadas substâncias proibidas em exames.
Aumento de casos
De acordo com a Agência Mundial Antidoping, entre 2015 e 2016, houve um aumento expressivo no percentual de resultados positivos de doping, passando de 1,26% para 1,6%. O cenário, segundo a entidade, está diretamente ligado a inclusão do meldonium entre as substâncias proibidas. O fármaco ficou mundialmente conhecido após a denúncia de doping da tenista russa Maria Sharapova.