O Congresso Médico do Oeste Paulista, que ocorre em Rio Preto, programou pela primeira vez em seus 23 anos, um minuto de silêncio em sinal de “protesto contra planos de saúde de Rio Preto e região que interferem no exercício da Medicina visando tão somente lucrar mais e, assim, colocam em risco a saúde e vida dos pacientes”. A afirmação é da Associação Paulista de Medicina, que organiza o congresso.
“Após o minuto de silêncio de protesto contra essas empresas e em solidariedade os usuários da saúde suplementar, os médicos tornarão público para os participantes e jornalistas o conteúdo da Carta aberta aos cidadãos de São José do Rio Preto e Região, que será levada a toda a população local nos próximos dias por redes sociais e portais dos médicos e nas consultas de rotina”, diz a nota, sobre o congresso desta quinta à noite.
Segundo a APM, “tanto a Carta aberta quanto a pesquisa divulgada na quarta, dia 18, mostrando os abusos das empresas de planos de saúde contra médicos e pacientes, serão levadas pela Associação Paulista de Medicina aos ministros da Justiça, da Saúde e ao presidente Jair Bolsonaro, aos quais solicitarão providências em defesa da boa Medicina e da saúde de qualidade.”
União nacional dos médicos
A APM Estadual (Associação Paulista de Medicina) também já começou a enviar a pesquisa às Promotorias da Saúde e do Consumidor do Ministério Público do Estado de São Paulo e ao Procon de São Paulo.
A pesquisa, veiculada com exclusividade para a imprensa de Rio Preto e Região, foi para a abertura on-line do XXIII Congresso Médico do Oeste Paulista, com a participação do presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), César Eduardo Fernandes, do presidente da APM Estadual, José Luiz Gomes do Amaral, e do diretor de Defesa Profissional da APM Estadual, Marun David Cury.
Dados gerais
A mostra é de 354 médicos. A grande maioria dos profissionais de Rio Preto e Região se queixa de não dispor de autonomia para a prática da melhor Medicina, por pressões das empresas de planos de saúde. São abusos que interferem na assistência, “comprometendo a qualidade da assistência e serviços à população.”
“A amostragem do levantamento da APM é bastante expressiva, já que os 354 participantes representam 14% dos 2.500 médicos da região de Rio Preto”, diz nota da entidade.
Mais da metade dos médicos (53,39%) afirma que enfrenta restrição por parte dos planos de saúde à solicitação de exames, imprescindíveis para o diagnóstico de doenças de seus pacientes. E 63% dos profissionais relatam conviver com a chamada “glosa médica”, ou seja, a operadora nega-se a pagar atendimento, internação, exame laboratorial ou de imagem, remédios e outros serviços essenciais ao paciente.
A pesquisa constatou também uma grave afronta à ética médica. Segundo a pesquisa, 29% dos médicos sofreram interferência em sua conduta profissional por parte dos planos de saúde. Dificuldades para internar os pacientes e ameaças de descredenciamento são outros problemas relatados pelos participantes da pesquisa.
As condições para o exercício pleno da Medicina, com ética, eficiência e resolutividade, são precárias nas operadoras de saúde da região.
A nota da APM não citou nominalmente nenhuma operadora de plano de saúde. O DL News tenta contato com operadoras locais para saber o que têm a dizer a respeito.