A Vigilância Epidemiológica de Fernandópolis encaminhou ao Grupo de Vigilância da Secretaria de Estado da Saúde um relatório do caso da enfermeira de 31 anos, com comorbidades, que está internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) da Santa Casa da cidade em estado grave, mesmo após receber duas doses da vacina e depois de ter passado o período de incubação.
Segundo a Secretaria de Saúde de Fernandópolis, no documento enviado ao Estado consta os dados pessoais da paciente, datas de quando ela tomou as doses da vacina, estado de saúde, entre outras informações.
A Santa Casa informou que a enfermeira trabalha na instituição, porém estava de férias desde o dia 1º de março. Por isso, o Serviço Especializado de Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) afirmou que a profissional foi infectada pela covid-19 fora do trabalho.
A enfermeira recebeu as duas doses da vacina CoronaVac, fabricada pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, sendo que a primeira dose foi aplicada em 22 de janeiro, já a segunda foi ministrada em 12 de fevereiro. Ainda de acordo com a Santa Casa, a mulher está no 17º dia de sintomas, internada na UTI. Considerando esse período dos sintomas, quando a paciente adoeceu já havia passado o período de duas semanas de incubação, que é o tempo que o organismo leva para desenvolver anticorpos.
O sbtinterior.com entrou em contato com o Instituto Butantan a respeito do caso. Em nota, o Instituto respondeu que “é prematura e temerária qualquer afirmação sobre hospitalizações pela covid-19 de pessoas vacinadas contra a doença, uma vez que cada caso, individualmente, deve passar obrigatoriamente pelo processo de investigação, que não considera apenas a imunização de forma isolada, e sim o conjunto de aspectos clínicos, como comorbidades e outros fatores não relacionados à vacinação”.
CONFIÁVEL
Apesar de ocorrências de pessoas terem sido infectadas ou desenvolvido a forma grave da doença mesmo após ter tomado a vacina, não há motivo para desacreditar da eficácia do imunizante.
O professor da Famerp e chefe do Serviço de Infectologia do Hospital de Base, Irineu Luís Maia, afirma que as vacinas aprovadas, inclusive a CoronaVac, protegem contra o coronavírus.
“Nós sabemos que não existe vacina 100% protetora. As vacinas dão uma proteção principalmente para casos graves e mortalidade, mas elas não protegem totalmente. Então, casos graves poderiam acontecer, porém em uma porcentagem muito pequena”, afirma o especialista.
O Instituto Butantan reforçou que a CoronaVac é segura e durante os estudos demonstrou 100% de eficácia contra casos graves ou moderados. “A eficácia e a segurança da vacina foram comprovadas por meio de testes clínicos de fase 3 realizados com 12,5 mil voluntários em 16 centros de pesquisa brasileiros, e pela Anvisa”, disse a nota.
O infectologista pontuou ainda que é fundamental, mesmo após ter tomado a vacina, que a população continue seguindo as medidas de prevenção. “A população precisa se conscientizar que mesmo imunizada não pode desrespeitar as regras de proteção. A pessoa pode estar sim mais protegida com a vacina, mas ela precisa continuar cumprindo o isolamento, utilizando máscaras e álcool em gel”, orienta o médico Irineu Maia.