A inadimplência no mercado regulado de energia elétrica cresceu de setembro a dezembro de 2021, primeiros 4 meses de vigência da bandeira escassez hídrica. O índice médio foi de 5,89%, segundo a Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica).
Para se ter uma ideia da alta, em outros períodos, as médias foram:
3,75% – até março de 2020 (antes da pandemia);
4,46% – de abril de 2020 a dezembro de 2021.
Essa alta já era esperada pelo setor. Marcos Madureira, presidente da Abradee, afirma que o aumento da inadimplência foi causado pela elevação do custo da energia, por meio da bandeira. O setor espera, no entanto, que os índices se acomodem nos próximos meses mediante uma variação menor do custo da energia elétrica.
“A nossa expectativa é que, se tivermos um custo de energia menor ao longo do ano, deveremos voltar aos patamares de inadimplência anteriores”, disse Madureira.
Madureira diz, ainda, que, ao ser observado o comportamento histórico dos preços, a tarifa de energia elétrica não é a principal vilã da economia brasileira.“Sem contar as bandeiras tarifárias, entre 2010 e 2021, as tarifas de energia subiram cerca de 121%. No mesmo período, a gasolina comum avançou 56%. O etanol hidratado, 189%. E o gás de cozinha, 167%”, afirma.
Segundo a Abradee, nesse mesmo período, de 2010 a 2021, a parte da tarifa que fica com as distribuidoras, o chamado “custo do fio B” cresceu 93%. Segundo a calculadora do cidadão, ferramenta do Banco Central, no mesmo período o IPCA acumulado, principal índice que mede a inflação, foi de 102,8%.
O valor da bandeira escassez hídrica, de R$ 14,20/100 kWh, foi o maior desde 2015, quando o sistema de bandeiras tarifárias foi implementado. A tarifa é usada para frear o consumo de energia de acordo com o risco hidroenergético do sistema brasileiro. Como em 2021 o Brasil teve a pior escassez hídrica dos últimos 90 anos, o governo implementou o valor em setembro 50% maior que o da bandeira vermelha patamar 2. A tarifa ficará em vigor até 30 de abril.