sábado, 21 de dezembro de 2024
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Encontros e desencontros

Inúmeras pessoas fizeram parte de nossas vidas e outras continuam fazendo. Muitas apenas cruzaram nosso caminho, diversas caminharam conosco, seja por um breve período ou por um longo tempo. Há…

Inúmeras pessoas fizeram parte de nossas vidas e outras continuam fazendo. Muitas apenas cruzaram nosso caminho, diversas caminharam conosco, seja por um breve período ou por um longo tempo.

Há tantas pessoas das quais não lembramos mais, ainda que tenham tido importância para nós. É certo que a cada dia encontramos novos colegas, amigos ou parentes, mas muitos ficaram no passado.

Como nada acontece por acaso, cada pessoa com quem convivemos, muito, pouco ou quase nada, tinha seu papel em nossa vida, e nós, reciprocamente, na vida delas, coexistindo no emaranhado de teias da existência humana.

Dos que ficaram no passado ou não habitam mais nesse mundo, alguns deixaram marcas, outros ensinamentos: sejam poucos, muitos ou quase nenhum, pois existiram aqueles que só nos observaram, por alguma razão ou razão nenhuma.

Os que ficaram pelo caminho ou seguiram por outra estrada também levaram algo de nós. A reciprocidade nas relações humanas é quase sempre inevitável e inerente à vida. Assim, se aprendemos, também ensinamos, ou ainda, não aprendemos nada e ensinamos muito. Quem sabe tenhamos aprendido muito e ensinado coisa nenhuma.

Quem sabe? Quem sabe de nós são poucos, às vezes nem a gente mesmo. Porque somos mutáveis. Podemos ser mutáveis. Se tantos ficaram no passado, pode ser que parte de nós também tenha ficado pelo caminho. Tem gente que ficou inteira em algum lugar da estrada. Há pessoas que carregam o passado na bolsa.

Saber quem somos verdadeiramente é reservado a poucos, já que são poucos seres que conseguem ver além e raros aqueles que enxergam por dentro da casca do corpo humano. Tão difícil quanto conhecer a si próprio.

Difícil conhecermos os seres humanos, não somente por serem mutáveis, sobretudo por sermos implacáveis juízes. Julgamos todos, o tempo inteiro, apenas por um prisma: o nosso. Concluímos pelo caráter alheio baseados em poucos fatos, quando não, em um único, aquele que nos pareceu o mais irrepreensível.

Durante a vida, cometemos erros e acertos, mesmo assim rotulamos as pessoas negativamente sem nos importar que tenham acertado mais do que errado, ainda que tais erros tenham causado danos muito mais à própria pessoa que os tenha cometido do que a outrem.

Além desses obstáculos, ao tentarmos conhecer as pessoas, elas também invariavelmente não se mostram ou, pior, se escondem. Não se mostram por medo, timidez, humildade. Escondem-se por hipocrisia, falsidade, avidez.

O mundo está repleto de pessoas de bom caráter sendo menosprezadas. Pessoas de bom coração depreciadas. Está cheio de pessoas que, usando máscaras inúmeras, são vangloriadas, aplaudidas, elogiadas, mas são como morcegos e víboras.

Na vida encontramos pessoas desprezíveis e desencontramos pessoas boas. Mas, de repente, o mundo gira, então desencontramos pessoas más e encontramos pessoas com luz.

Cabe a nós nos desnudarmos das nossas togas e tentarmos reconhecer cada tipo de pessoa que cruza nosso caminho, ou que anda na mesma estrada que nós, para podermos aprender e também doar e receber o máximo possível, enquanto vão sucedendo os encontros e desencontros da vida.

P.S. – Desejo um final de ano cheio de desencontros com a tristeza e repleto de encontros com a alegria.

Sérgio Piva

s.piva@hotmail.com

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