Uma empresa que atrai cada vez mais pessoas interessadas em ganhar dinheiro de forma fácil e rápida, na internet, sem sair de casa, está na mira da Polícia Civil e do Ministério Público .
A hipótese é a prática do golpe da pirâmide financeira e está sendo aplicada através de redes sociais.
A suspeita paira sobre a Telexfree, empresa americana que tem sua sede brasileira localizada no Espírito Santo, e que é a grande promessa do momento, com relatos na web de pessoas que conseguiram lucrar até R$ 3 milhões em menos de um ano. A firma também é investigada em pelo menos outros três Estados – Acre, Mato Grosso e Pernambuco.
O problema está na forma como o grupo atua. Para entrar no negócio é preciso fazer depósito financeiro, recrutar novos seguidores e postar anúncios diariamente na internet. A fórmula para ganhar dinheiro? Convencer mais pessoas a fazer o mesmo.
A Telexfree afirma que a principal fonte de receita está na venda de serviço de telefonia via internet, chamada VoIP (voz sobre IP).
Para isso, recruta “divulgadores” que publicam anúncios do produto em redes sociais e sites de classificados, e são remunerados por essa tarefa.
No entanto, os próprios divulgadores, em suas páginas, entregam uma incoerência do negócio, ao se concentrarem muito mais na conquista de novos membros – mais vantajosa financeiramente para eles – do que na propaganda do serviço de telefonia pelo computador. Com isso, predominam anúncios de recrutamento em detrimento da propaganda do VoIP, anunciado pela empresa como seu “carro chefe”.
A delegada Gracimeiri Gaviorno, da Delegacia de Defraudações e Falsificações (Defa), conduz a investigação sobre a empresa.
Para ela, há indícios de que o modelo seja semelhante ao golpe da pirâmide financeira, que já levou várias pessoas à prisão, porque quando não há novas adesões, o esquema não se sustenta e os que estão embaixo ficam no prejuízo.
No caso da Telexfree, a polícia suspeita de crimes fiscais e tributários na atuação dos divulgadores, como contra a economia popular, com suposta formação de pirâmide; estelionato e crime de induzimento à especulação. As penas, somadas, podem chegar a 10 anos de cadeia.
“Fora outros crimes que podem estar relacionados a essa prática de crime contra a economia popular. Pode ter sonegação fiscal e falsidade ideológica. Até onde chegamos, temos probabilidade muito grande da empresas ter foco destinado à prática de crime, usando a máscara do marketing multinível. O crime previsto na Lei 1521/51 prevê a formação de redes em que há sistema binário, com base sustentando uma distribuição piramidal. Muitas pessoas têm ganho em cima de outras. Estas podem ter prejuízo”, disse.
A delegada adiantou que pessoas ligadas à empresa vão prestar depoimento nos próximos dias, inclusive os novos milionários.